quinta-feira, junho 27, 2002

Enfim, a final
Já vai longe o tempo em que eu comecei a secar a Alemanha. Talvez tenha sido no Mundialito de 1980, torneio que comemorou os 50 Anos da Primeira Copa, em Montevidéu, ao qual os alemães compareceram com toda marra possível - um time que já tinha o insuportável Schumacher no gol, o frio, quase gelado Stielike como líbero, e mais Schuster (que não iria à Copa de 1982 por problemas de ordem pessoal, não lembro bem) e a 'estrela" Hansi Muller, um jogador, que eu me lembre, até parecido fisicamente e em estilo com o Ballack do Bayer Leverkusen. Mas coloco "estrela" entre aspas porque depois do Mundialito de 1981 - provavelmente depois dos 4 a 1 impostos pelo pessoal da camisa verde e amarela - Hansi Muller praticamente sumiu para o futebol. Até foi à Espanha para a Copa, mas tão apagado quanto um Paulo Sérgio em 1994.
Sequei a Alemanha na final contra a Itália, uma coisa que na hora ninguém entendeu. Uma espécie de traição minha à Pátria - na época, muitos achavam que se sentiriam vingados pelas três porradas de Paolo Rossi caso os comedores de chucrutes conquistassem o tricampeonato. Eu não me sentiria, pessoalmente, e por não gostar daquele futebolzinho tico-tico temido no mundo inteiro - e que ainda tinha apelido bélico, Divisão Panzer - resolvi secar a Alemanha. Deu Azzurra, claro, como registra a história.
Depois, veio aquela Copa sem graça em 1990, e é claro que tinha que dar Alemanha - título conquistado com gol de pênalti, de Brehme. Quem estava lá? Claro, o atual técnico Rudi Voëller, como um meia-atacante ou um atacante-meia, sei lá que posição é essa de Voëller nese futebol-total dos germânicos. Os caras ganharam o tri, houve uma onda de euforia, todos temeram que finalmente a Alemanha, depois de igualar Brasil e Itália, levasse logo o tetra em 1994 e ficasse na ponta, na vanguarda do futebol mundial.
Só que em 1994 tinha um tal de Romário, e a história preferiu adiar o sonho dos alemães, que nem chegaram a ver as camisas verde e amarela: caíram para a eficiente Bulgária do craque-marginal Histo Stoichcov, com gol de cabeça do carequinha Leitchcov. Maravilha. Fuck, Alemanha. Esta derrota em 1994 parecia ter dado início a uma decadência alemã, até que em 1996 eles levaram a Eurocopa na casa dos ingleses. Mas aí veio 1998, a porrada de 3 a 0 que a Croácia deu neles, a volta prematura para casa, e a decadência total.
Por volta de 1999, havia alemães na Bundesliga que culpavam o excesso de estrangeiros no campeonato, que não dava chance para o surgimento de novos talentos para o selecionado nacional. Viram que não era bem assim. A campanha xenófoba seguiu até a Eurocopa de 2000, quando eles fizeram uma campanha abaixo da crítica, péssima, e muita gente chegou a apostar que os anfitriões de 2006 não iriam em 2002.
Berti Vogst, que não é bobo nem nada, já tinha saltado do barco a essa altura, porque viu que ia afundar. Aliás, Vogst foi saltado, a bem da verdade, logo depois da eliminação para a Croácia. O técnico seguinte, Erich Ribbeck, ficou de 1998, após a Copa, até o fim da Eurocopa, na qual fracassou de forma tenebrosa. Aliás, a campanha de Ribbeck: 10 vitórias, 6 empates, oito derrotas em 24 partidas internacionais.
Quando iriam colocar o bambambam do pedaço, o técnico Cristopher Daum, do Bayern, eis que descobrem que o homem era discípulo de Maradona, ou seja, era adepto do nada saudável esporte boliviano que consiste em empoar no nariz. Descobriram por exames no cabelo do homem.
Aí, Rudi Voëller assumiu no meio dessa tempestade. Mas os alemães ainda tomariam outra porrada: os 5 a 1 para a Inglaterra em Munique, com três gols de Michael Owen (ele e Hurst, em 1966, os únicos ingleses a assinalarem hat-tricks sobre a Divisão Panzer). A Copa estava só pela repescagem contra a Ucrânia do atacante Schevchenko, do Milan - mas eles passaram fácil.
E vieram para a Copa desacreditados. Parecidos com uma seleção aí que viveu tormendo nas eliminatórias, escândalo na final da Copa de 1998, técnicos envolvidos em corrupção, falsificação de documentos, enfim, uma seleção aí que também chegou desacreditada como a Alemanha e por acaso está lá na final contra a Divisão Panzer.
E que, se Deus e todas as divindades da umbanda ajudarem, vai ser penta para assumir de vez a supremacia do futebol mundial e consagrar de uma vez por todas a volta do Fenômeno - a volta mais que merecida de Ronaldo.




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