sábado, junho 15, 2002

God save us from the queen
O título, claro, é uma paráfrase do hino inglês. Acrescentei o "us" porque é a Inglaterra que nós iremos enfrentar nas quartas-de-final. Vamos, sim. Apesar de ter medo de zebra, acho que o Brasil passa pela Bélgica nesta segunda de manhã - apesar desta Bélgica ter uma cara de zebra tão grande que deveria vir com o uniforme listrado. Mas, toc, toc, toc, pé de pato mangalô três vezes e vamos lá encontrar os ingleses.
O time já começa com uma lenda no gol: David Seaman. Aliás, na terra do não-gol, goleiro sempre vira lenda, é só ver Peter Shilton, Gordon Banks, Pat Jennings - este, da Irlanda. Mas Seaman já fez uma defesa sensacional contra a Argentina, provando que está com os reflexos melhores do que nunca. Aliás, procurem no site do TelecineHappy e verifiquem se passará nestes dias o filme "Tudo pelo futebol". Vi outro dia e achei ótimo, não conheço nem atores nem diretor, mas é um show - se passa durante a chatíssima Eurocopa de 1996 realizada na Inglaterra, onde a única coisa boa foi o gol de Gascoigne contra a Escócia.
Pois os ingleses levam fumo contra a Alemanha nos pênaltis, e no final o personagem central do filme vai se embebedar num pub. Com a cabeça baixa, ele enche o pote para esquecer a Inglaterra e ouve alguém comentando também o quanto estava puto da vida. O cara se levanta para ver quem está falando e o interlocutor é ninguém menos que....David Seaman!! "Para mim também foi horrível", diz o goleirão, fazendo uma ponta no fim do filme.
Depois a coisa fica feia para os ingleses, porque aquele Mills é uma avenida na lateral-direita. É jogo para colocar o Denílson aberto, ou mesmo o Júnior de ponta-esquerda, e alguém virar herói. Mas cuidado com a zaga: Rio Ferdinand e Campbell são fortes pacas e sobem bem ao ataque.
Mas não adianta falar bem de Scholes, Vassel, Dyer...O negócio da Inglaterra é a dupla Beckham-Owen. O primeiro se confirmou como craque, o segundo é indomável. Beckham atuou em 1998 mais como um ala-direita, hoje está mais ou menos ali também, só que mais para dentro na hora em que o jogo fecha no meio. No terceiro gol contra a Dinamarca, ele fecha bonito para, entre três dinamarqueses dar um passe para Vassel fazer o gol com precisão comparável àquele de Pelé para Carlos Alberto Torres em 1970.
Além dos dois craques - que fazem a diferença, afinal a Inglaterra deu de 3 a 0 na Dinamarca porque tem craque, e a Dinamarca não tem - os ingleses ainda tem um patriotismo de guerra que é de matar. Os torcedores ingleses - não falo nem de hooligans - parecem estar sempre indo para a guerra, parecem ser sempre voluntários, cantam o hino o jogo todo, berram, se embebedam. Um deles colocou a estátua de cera de Beckham (com faixa de capitão e tudo) em frente a uma outra estátua de um outro herói de guerra, em Londres.
Além de tudo, eles vieram à Copa para ganhar - é talvez o melhor time inglês desde 1966. Os loucos torcedores estão mais confiantes do que nunca. Enfim, será uma parada duríssima, e os jogadores brasileiros precisarão de MUITA personalidade para superarem. Se conseguirem, deixarão para trás toda a polêmica de eliminatórias, todas as críticas, o fantasma de Romário, o problema do 3-5-2, tudo, tudo.
Vencer a Inglaterra será praticamente como vencer a Copa do Mundo.

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