domingo, fevereiro 05, 2006

David Beckham está sozinho
Quatro anos depois, a Inglaterra desponta com uma geração ainda mais iluminada do que aquela de 1998, quando Owen acabou com os rivais argentinos. Com Lampard, Terry, Gerrard, mais o Spice Boy do Real Madrid, os britânicos podem sonhar de novo em repetir, 40 anos depois, seu feito caseiro. Certo? Errado.
A crise está definitivamente instalada no time inglês, com o técnico sueco Sven Goran Eriksson tentando juntar os caquinhos depois de cair na pegadinha do século, desenvolvida pelo tablóide News of the world. Os louquíssimos jornalistas ingleses gastaram uma fortuna fingindo que eram sheiks do Qatar pedindo conselhos ao sueco - que, entre outras coisas, desancou Michael Owen e sugeriu ele mesmo para tomar conta do Aston Villa.
Como jornalismo, o gesto do pessoal do News pode ser reprovável. Mas é interessante como eles trouxeram "The Real World". Não o mundo das coletivas organizadas, com perguntas levanta-bola e respostas retóricas. o News apenas fez um tipo de matéria que certamente renderia problemas se a moda pegasse no Brasil - imagine se fingir empresário querendo participar de licitação no governo federal. Bom, mas deixemos de lado. O fato é que Beckham surgiu como turma do deixa-disso na história. Enquanto os torcedores ingleses querem o sueco cruficicado (seu contrato, que terminava em mais dois anos, já foi abreviado até depois da Copa - acabou, tchau, que venha Parreira ou Felipão), Beckham começou o discurso de que, "no momento, Sven é o único que pode nos levar à Alemanha". O Spice Boy vai contra sua própria federação, já que eles pensam em substituir o sueco antes mesmo da Copa.
Se a pele de Eriksson já não valia muito depois de perder de 2 a1 para um Brasil com 10 homens em 2002, imaginem agora....

sábado, fevereiro 04, 2006

Quatro anos depois
O "A COPA VISTA DA COZINHA" entrou em trabalhos de aquecimento, desta vez para a Copa da Alemanha. Aguardem novos posts ainda esta semana.

domingo, março 09, 2003

Zico
Acordar em um domingo e dar de cara com o suplemento especial de O Globo sobre os 50 anos do maior jogador da história do Flamengo não é tarefa fácil. Emoções demais, ao ver a retrospectiva muito bem engendrada pelo jornalista Fellipe Awi, obviamente rubro-negro de coração. Ver aquelas fotos que eu via aos sete, oito anos de idade, do Zicão em um campo de terra batida na Rua Lucinda Barbosa, em Quintino (terra de onde vem minha namorada, que atualmente reside em Copa - o destino, o destino), é algo que enche meus olhos de lágrimas.
Uma página é dedicada às incontáveis conquistas de Zico. São sete campeonatos cariocas, quatro Brasileiros, uma Libertadores, um Mundial Interclubes e dezenas de torneios e Copas. Sem contar um fato que se não é título tem status de: Zico provocou uma passeata em Udine, no estado italiano de Friule, no qual milhares de manifestantes pediam que ele permanecesse na Udinese - caso contrário, preferiam ser anexados à Áustria novamente.
Artilharia? Seis artilharias por Campeonatos Cariocas, duas por Brasileiros e uma vez artilheiro da Taça Libertadores da América.
Zicão representou tanto para o Flamengo que gerou uma verdadeira onda de recalque, dor-de-cotovelo e inveja - são centenas as gralhas solitárias abandonadas a grasnar a velha história do pênalti perdido contra a França, aquele pênalti que ele bateu três minutos depois de entrar em campo e fazer o que ninguém tinha feito: um lançamento perfeito.
Aquele pênalti que alguns jogadores daquela Seleção, mesmo já aquecidos e jogando desde o início, se recusaram a bater.
Zicão bateu, perdeu, como perdeu outros pelo Flamengo. Curioso é que ninguém fala mal do Sócrates, que perdeu gol feito já na prorrogação. Não existe um culpado sozinho (talvez o pobre do mau caráter Toninho Cerezo) em 1982, não existe um culpado sozinho em 1990 (apesar do gol perdido do Muller), não existe um culpado em 1974, 1978.
Só o Zicão é que o "culpado" pelo pênalti perdido.
Tudo balela. Tudo recalque de torcedores que nunca tiveram um jogador que representasse para seu clube o que Zico representou para o Flamengo. Os santistas tiveram, o Pelé. Mas e aqui no Rio? O Fluminense, apesar de ter grandes ídolos como Waldo, Castilho, Pinheiro, Altair, Washington, Assis, Branco, nenhum deles tem essa dimensão. No Vasco, Roberto Dinamite reina sozinho - o que é curioso, visto que se tratava apenas de um centroavante razoável, que hoje em dia seria banco do Ricardo Oliveira no Santos. E o Botafogo? Os torcedores mais velhos do Botafogo são mais conscientes em relação ao Zicão, porque sabem o que é ter um ídolo que é simplesmente tudo para o clube - vide Nilton Santos e Garrincha.
Só o Zicão me fez chorar em uma partida contra o Santa Cruz, quando meteu uma bola no ângulo, depois que eu e todos na arquibancada dissemos, "É Zico, pode ficar tranqüilo que é gol". Só Zico fez dois gols na final da Libertadores, final que o Flamengo ganhou na bola e na porrada. Eu tinha 12 anos, e fiquei feliz quando Anselmo entrou em campo para dar porrada na cara do Mario Soto.
Pensar no Zicão agora me remete diretamente a um dia qualquer de 1975, quando Zico tinha 21 gols (seria o artilheiro do Estadual com 30), e eu e meu pai saíamos de um Flamengo x América. Ali na descida do Maracanã (em um tempo em que não havia torcidas organizadas de bandidos), meu pai disse, "olha, esse garoto Zico, tem 21 gols, ele vai longe".
Nos anos que se seguiram, vimos Zico ir longe. Mais precisamente a partir de 1978, quando Zico pegou a bola para bater um escanteio e colocar na cabeça de Rondinelli. Ali, começavam cinco longos anos em que eu e meu velho vivemos o período mais inesquecível de minha vida, com aquele time ganhando tudo, repito, na bola e, se necessário, na porrada.
Em 1983, o Galinho, o Zicão, se despediu como poucos poderiam fazer, ganhando o Campeonato Brasileiro com um esculacho em cima do Santos do mau-caráter Serginho Chulapa. Um banho de bola no Maracanã lotado, público recorde em Brasileiros. Barba, cabelo e bigode. De lá, Zico iria para a Udinese. Nos primeiros dias de 1984, o meu velho se despediu da vida. Talvez fosse uma resposta do destino aos versos da música, "o que faço/sem Zico no Maracanã?". Sim, meu pai foi-se desta vida depois que Zico foi para a Udinese - talvez Deus o mantivesse nesse mundo por mais uns anos, se soubesse que o Galinho iria voltar para liderar o Flamengo a mais um Campeonato Brasileiro. Talvez.
A única certeza é que, estivesse ele vivo, diríamos em côro o que digo nesta manhã de domingo, lendo o suplemento especial: obrigado, Zicão.

segunda-feira, julho 01, 2002

Até 2006
A Copa vista da Cozinha chega ao fim - pelo menos por enquanto. Se o Blogger permitir, deixo no ar até 2006, se não, bom, paciência, invento outro. Isso se eu não tiver acertado na Megassena e estiver vendo a Copa, não da Cozinha, mas da sala de jantar, lá da Alemanha mesmo.
A todos nós, os parabéns por termos resistido, com coração, às emoções dessa Copa. A vocês, que entraram 1.070 vezes aqui nesse blog, o meu agradecimento.
Agora, que venha a Copa América do ano que vem, os Jogos Olímpicos de 2004, e, acima de tudo isso, pelo menos um Campeonato Brasileiro para o Mengo.
Até 2006 e que venha o HEXA!!!!

Sem surpresas: Galvão, o Mala da Copa
Segundo a enquete aqui do A Copa vista da Cozinha, Galvão Bueno com suas frases brilhantes é o Mala da Copa, com 17 votos, dois a mais que o tenebroso garoto-propaganda das Casas Bahia, que diz "Coloca a preguiça na reserva e venha aproveitar estar ofertas" às duas da madrugada.
Em terceiro, bem atrás, com sete votos, fica a gordinha do Banco Real que fala "vai...vai..." naquela propaganda que simula um jogo do Brasil. Em quarto, o "Big Brou" com seu INSUPORTÁVEL bordão "Tô na Copa, brother", teve somente cinco votos - merecia mais.

domingo, junho 30, 2002

Coração brasileiro
Como é bom ter orgulho de ser brasileiro! E como é bom ser pentacampeão do mundo, fazer o que ninguém pode fazer, colocar Novos Baianos para tocar "Brasil Pandeiro", imaginar os dribles dos Ronaldos, de Rivaldo, de Cafu, e cantar junto que o Tio Sam anda querendo conhecer a nossa batucada. Que lindo é Ronaldo roubando a bola, que lindo é Rivaldo chutando, e o Fenômeno nascido em Bento Ribeiro, mais um dos subúrbios que provavelmente hoje sofre com a violência, mas ver esse subúrbio explodir em felicidade ao ver um de seus filhos detonar a muralha ariana da raça pura alemã com um salto de oportunismo e brasilidade!
Não, não se trata de vingança de Terceiro Mundo ou revanche. Se trata de um pecado que só tem abaixo do equador, se trata de uma paixão, da felicidade de todo um povo, não de alienação. Alienação? Sim, que seja um ópio, delicioso ópio que não mata, que não faz mal à saúde mas que une ricos e favelados sem necessariamente ser um metrô lotado às seis da tarde. É um ópio que nos dá Rivaldo, Ronaldinho, Roque Júnior, Ronaldo Nazário, Roberto Carlos, que nos deu Romário. Até ele esteve nessa conquista, no bico de Ronaldo contra a Turquia. Explodindo corações até na distante Amazônia, fazendo vibrar o mais afastado dos vaqueiros nos pampas, acendendo luzes em favelas.
Como é bom ter orgulho de ser brasileiro! Rever mil vezes, sem se cansar, as cenas da Copa, ver Denílson perseguido pelos turcos, ver Ronaldinho Gaúcho entortando os ingleses, relembrar Roberto Carlos torpedeando chineses, vislumbrar mais uma vez Rivaldo disparando arte contra os belgas. Abre a porta e a janela e vem ver o sol nascer - cantam os Novos Baianos, abre a porta e a janela, eu canto, chama teu vizinho, e o abraça dizendo que ele também é Pentacampeão. Pelé, Garrincha, Didi, Nilton Santos, Vavá, Amarildo, Bellini, Mauro, Zito, Jairzinho, Gérson, Rivellino, Carlos Alberto, Romário, Bebeto, Dunga, Taffarel, Rivaldo, Ronaldo. Principalmente Ronaldo.
Como é bom ter orgulho de ser brasileiro e ter o artilheiro da Copa, Ronaldo, com oito gols, como é bom ter orgulho de ser brasileiro e poder dizer que Ronaldo protagonizou a maior volta por cima da história do futebol. Ora, mas que surpresa? Não é nosso o verso "levanta, sacode a poeira e dá volta por cima"? Pois foi isso que fez Ronaldo, e é isso que o brasileiro faz todos os dias. Só que não mostra pro mundo, porque o mundo não lhe dá atenção.
Ronaldo chamou a atenção do mundo, e mostrou o que a gente sempre quis mostrar - o levantar, o sacudir a poeira, o nosso dar a volta por cima. O mundo todo vê Ronaldo, o mundo todo lê Ronaldo nesse momento. O mundo todo sabe que o Fenômeno voltou para ganhar uma Copa para o Brasil.
Deus está olhando lá de cima: que domingo é esse em que só um pedaço da América do Sul que Eu fiz está pulando, sambando? Que segunda-feira é essa em que vários naquele pedaço estão vestidos de amarelo? Por que desde 1958 Eu já vi essa cena cinco vezes? Será que Eu sou brasileiro e não sabia?
Talvez Deus não saiba que é brasileiro mesmo - ditadura, miséria, violência urbana, Collor, inflação, FHC, tanta coisa errada. Talvez ele tenha até esquecido. Mas num rompante se lembrou, e descarregou a raiva pelo esquecimento toda em cima de Oliver Kahn, que soltou uma bola para o Fenômeno marcar e fazer Deus e todo o nosso povo esquecerem de novo por um instante tudo aquilo que há tantos anos dói no peito - e inclua-se junto àquelas coisas ruins também a derrota para a Itália em 1982 e as derrotas para a França em 1986 e 1998. Derrotas mentirosas, afinal, o Fenômeno mostrou a Verdade:
O mundo inteiro tem que aturar: o Brasil é Pentacampeão.

ÉÉÉÉÉÉÉÉÉÉÉÉÉÉ
PEEEEEEEEEEEEEEEEEEEEEEEEEEENNNNNNNNNNNNNNNNNTAAAAAAAAAA!!!!!

sábado, junho 29, 2002

O Mala da Copa
Nesta segunda termina a eleição, eu colocarei o resultado da enquete no post de despedida ATÉ 2006 com que fecharei o Copa vista da Cozinha. Galvão Bueno, sem surpresas, lidera com 14 votos, contra 13 do garoto-propaganda das Casas Bahia. É dura a batalha.

Ele sabe o que está fazendo
Depois de deixar aqui o registro em notas de toda essa festa que será a final Brasil x Alemanha, paro de escrever em A Copa vista da Cozinha. Se conseguir, guardo o blog para 2006.
Quanto à final, vamos torcer, mas sem secar. A Alemanha é forte, tem tradição e principalmente um técnico, Rudi Voëller, que tem a mais plena convicção do que está fazendo. Cuidado. Boa sorte para nós, e que venha o título, por favor!

quinta-feira, junho 27, 2002

Enfim, a final
Já vai longe o tempo em que eu comecei a secar a Alemanha. Talvez tenha sido no Mundialito de 1980, torneio que comemorou os 50 Anos da Primeira Copa, em Montevidéu, ao qual os alemães compareceram com toda marra possível - um time que já tinha o insuportável Schumacher no gol, o frio, quase gelado Stielike como líbero, e mais Schuster (que não iria à Copa de 1982 por problemas de ordem pessoal, não lembro bem) e a 'estrela" Hansi Muller, um jogador, que eu me lembre, até parecido fisicamente e em estilo com o Ballack do Bayer Leverkusen. Mas coloco "estrela" entre aspas porque depois do Mundialito de 1981 - provavelmente depois dos 4 a 1 impostos pelo pessoal da camisa verde e amarela - Hansi Muller praticamente sumiu para o futebol. Até foi à Espanha para a Copa, mas tão apagado quanto um Paulo Sérgio em 1994.
Sequei a Alemanha na final contra a Itália, uma coisa que na hora ninguém entendeu. Uma espécie de traição minha à Pátria - na época, muitos achavam que se sentiriam vingados pelas três porradas de Paolo Rossi caso os comedores de chucrutes conquistassem o tricampeonato. Eu não me sentiria, pessoalmente, e por não gostar daquele futebolzinho tico-tico temido no mundo inteiro - e que ainda tinha apelido bélico, Divisão Panzer - resolvi secar a Alemanha. Deu Azzurra, claro, como registra a história.
Depois, veio aquela Copa sem graça em 1990, e é claro que tinha que dar Alemanha - título conquistado com gol de pênalti, de Brehme. Quem estava lá? Claro, o atual técnico Rudi Voëller, como um meia-atacante ou um atacante-meia, sei lá que posição é essa de Voëller nese futebol-total dos germânicos. Os caras ganharam o tri, houve uma onda de euforia, todos temeram que finalmente a Alemanha, depois de igualar Brasil e Itália, levasse logo o tetra em 1994 e ficasse na ponta, na vanguarda do futebol mundial.
Só que em 1994 tinha um tal de Romário, e a história preferiu adiar o sonho dos alemães, que nem chegaram a ver as camisas verde e amarela: caíram para a eficiente Bulgária do craque-marginal Histo Stoichcov, com gol de cabeça do carequinha Leitchcov. Maravilha. Fuck, Alemanha. Esta derrota em 1994 parecia ter dado início a uma decadência alemã, até que em 1996 eles levaram a Eurocopa na casa dos ingleses. Mas aí veio 1998, a porrada de 3 a 0 que a Croácia deu neles, a volta prematura para casa, e a decadência total.
Por volta de 1999, havia alemães na Bundesliga que culpavam o excesso de estrangeiros no campeonato, que não dava chance para o surgimento de novos talentos para o selecionado nacional. Viram que não era bem assim. A campanha xenófoba seguiu até a Eurocopa de 2000, quando eles fizeram uma campanha abaixo da crítica, péssima, e muita gente chegou a apostar que os anfitriões de 2006 não iriam em 2002.
Berti Vogst, que não é bobo nem nada, já tinha saltado do barco a essa altura, porque viu que ia afundar. Aliás, Vogst foi saltado, a bem da verdade, logo depois da eliminação para a Croácia. O técnico seguinte, Erich Ribbeck, ficou de 1998, após a Copa, até o fim da Eurocopa, na qual fracassou de forma tenebrosa. Aliás, a campanha de Ribbeck: 10 vitórias, 6 empates, oito derrotas em 24 partidas internacionais.
Quando iriam colocar o bambambam do pedaço, o técnico Cristopher Daum, do Bayern, eis que descobrem que o homem era discípulo de Maradona, ou seja, era adepto do nada saudável esporte boliviano que consiste em empoar no nariz. Descobriram por exames no cabelo do homem.
Aí, Rudi Voëller assumiu no meio dessa tempestade. Mas os alemães ainda tomariam outra porrada: os 5 a 1 para a Inglaterra em Munique, com três gols de Michael Owen (ele e Hurst, em 1966, os únicos ingleses a assinalarem hat-tricks sobre a Divisão Panzer). A Copa estava só pela repescagem contra a Ucrânia do atacante Schevchenko, do Milan - mas eles passaram fácil.
E vieram para a Copa desacreditados. Parecidos com uma seleção aí que viveu tormendo nas eliminatórias, escândalo na final da Copa de 1998, técnicos envolvidos em corrupção, falsificação de documentos, enfim, uma seleção aí que também chegou desacreditada como a Alemanha e por acaso está lá na final contra a Divisão Panzer.
E que, se Deus e todas as divindades da umbanda ajudarem, vai ser penta para assumir de vez a supremacia do futebol mundial e consagrar de uma vez por todas a volta do Fenômeno - a volta mais que merecida de Ronaldo.




terça-feira, junho 25, 2002

A hora do espanto
Alemanha e Coréia do Sul entram daqui a pouco em campo para definir o primeiro finalista da Copa do Mundo. De um lado, os alemães, que fora a goleada sobre a Arábia Saudita por 8 a 0 na estréia, de resto foram fazendo uma Copa discretíssima, eu diria que super na deles. Empate com a Irlanda, vitória sobre Camarões por 2 a 0, e magros 1 a 0 sobre Paraguai e EUA. Oliver Khan, malandro como ele só, já disse que o fato de os sul-coreanos terem encarado nada menos que duas prorrogações seguidas (uma, em parte, contra a Itália e outra contra a Espanha) pode ser um ponto positivo a favor dos alemães. Também acho. Mesmo com os coreanos dizendo que estão tomando ginseng para diminuir o desgaste.
Os alemães chegaram à semifinal com pouquíssimo estardalhaço, isso é o que me preocupa. Bierhoff, já veterano, tem entrado no final dos jogos, e acho que vai continuar entrando, Neuville está bem, jogando mais atrás, e Völler pode contar com a volta de Hamann. E Oliver Khan está realmente colossal, fechando o gol de todas as formas. Somente Robbie Keane, o bom atacante da Irlanda, teve o prazer de fazer um gol em Oliver Khan nessa Copa. Ou seja, será dureza para os sul-coreanos.
Eu acho que nós passaremos pelos turcos amanhã. Mas confesso que não me agrada esse negócio de enfrentar Oliver Khan em final de Copa do Mundo.

segunda-feira, junho 24, 2002

Assim é que se escreve
Recebo email cordial do colega Mauricio Neves, de Santa Catarina, colunista do site http://www.futbrasil.com.br. Ele também está confiante no penta e deseja boa sorte para o Flamengo - coisa na qual eu já não tenho muita esperança.
Maurico escreveu ANTES de Brasil x Inglaterra o texto abaixo. Eu digo: assim é que se escreve.
Ame a seleção
A bola chutada por Carlos Alberto Torres ainda não tinha voltado ao jogo. O Brasil celebrava o quarto gol contra a Itália, o futebol estava a nossos pés, que eram os pés reais de Pelé, santos de Tostão, furiosos de Jair, atômicos de Rivelino, fundamentais de Gérson, brasileiros da seleção. O tricampeonato mundial acabara de nascer sob o sol dourado da Cidade do México, e a voz de Jorge Cury que inundava o Azteca corria o Brasil de fio a pavio pelas ondas da Rádio Globo: - Agora nós somos tricampeões do mundo... tricampeões do mundo... três vezes campeões mundiais de futebol... e os derrotistas podem enfiar suas cabeças nos vasos das privadas, que a vitória é de quem sempre acreditou...
A seleção brasileira de 1970 sofreu com o descrédito. A história acabou por torná-la um time de fábula, mas os primeiros dias no México foram dias de dúvida, de descrença. Após a vitória contra a Romênia, a revista Placar registrou: - De que adianta todo o brilhantismo de nosso ataque, se a escuridão cobre toda a nossa defesa?
A Argentina foi eliminada do Mundial 2002 ainda na primeira fase. E os jornais argentinos exaltaram a raça de seus jogadores, lamentaram os azares dos dois últimos jogos e choraram o choro de quem sofre porque ama.
Eu não estou buscando agora um método para escrever. Os burros me acharão ufanista. Só me interessa registrar que me revolta essa falta de carinho que cerca a seleção brasileira, como se não fosse ela, seleção, e suas cores e suas camisas, parte dos sonhos do país que ama o futebol como futebol merece ser amado.
O jogo contra a Inglaterra ainda não está decidido, mas será tratado assim se a Inglaterra vencê-lo. Os burros dirão que não havia outra possibilidade. Burros, repito. A Inglaterra pode vencer o jogo, mas o Brasil tem inúmeras possibilidades de resolvê-lo, e bem. Ainda que o time não esteja pronto, ainda que a defesa falhe, porque é um jogo de futebol.
As burras verdades se propagam a partir das oitavas-de-final. A poderosa Inglaterra que atropelou a Dinamarca contra o aparvalhado Brasil que penou contra a Bélgica. Eu vi a Inglaterra fazer um grande jogo após fazer um a zero, muito pela falha dinamarquesa, sorte que não tocou ao Brasil.
Eu mesmo já disse, o futebol se resolve nas aparências, e por isso a Inglaterra atravessa um momento pré-jogo mais favorável. Ponto.
Deve ser um jogo duro, mas pode se abrir para qualquer um dos lados. Será sempre mais difícil a vitória brasileira enquanto a seleção for tratada assim pelos próprios brasileiros, por essa gente pobre e apagada que só se envolve com o nosso escrete quando este preenche seus conceitos pessoais.
Passou a hora do acerto. Esta é a hora quente do Mundial, da entrega total à paixão do jogo. Eu amo a seleção brasileira como amo o meu time, e só conheço o amor incondicional. Acredito numa vitória contra os ingleses. Daqui até a hora do jogo, de cada três pensamentos que me ocorrerem, três serão dedicados às fulminantes arrancadas de Ronaldo e a todas as outras formas que o Brasil tem de chegar às semifinais.
Ao jogo, brasileiros. Amem a seleção.



sábado, junho 22, 2002

Nota destoante
Se existe um jogador que merecia ir até a semifinal (além dos brasileiros), este era Diouf. Uma pena. Para ele. Para nós, que temos aquela defesa, melhor não ter mais Diouf.
Brasil x Alemanha?
Brasil x Coréia do Sul?
Turquia x Coréia do Sul?
Turquia x Alemanha?
Um desses quatro jogos vai acontecer às 8h30 do dia 30, no próximo domingo. Como diz o Galvão, haja coração. Que seja um dos dois primeiros.

Atraco!
Atraco é uma expressão em espanhol que assaltante diz para a vítima - significa "mãos para o alto", mais ou menos por aí. Hoje, teve novo significado: para o diário espanhol Marca, "Atraco" significa Espanha x Coréia do Sul, um dos mais vergonhosos roubos da história da arbitragem em Copas, capaz de fazer a Argentina em 1978 parecer inocente.
Um gol de Morientes em que marcaram tiro de meta com uma bola INTEIRA dentro de campo. Um gol contra dos coreanos, em que a bola bateu na nuca do zagueiro, anulado por terem marcado perigo de gol. E dezenas de impedimentos inacreditáveis contra a Espanha. Para mim, bastou: a Coréia é mesmo candidata ao título, ainda mais depois que o presidente do país já declarou que já pensa na taça e que a vitória sobre a Espanha nos pênaltis deixou o povo "feliz como nunca esteve em cinco mil anos".
A Espanha, tudo bem, não jogou lá essas coisas. Mas o jogo em si foi uma lástima. Nenhum dos dois times merecia vencer - apesar de não terem Raúl, que ficou no banco e obviamente não foi utilizado por Camacho nem mesmo no fim do jogo, a Espanha tinha em Mendieta, da Lazio (o único "estrangeiro" da equipe), uma arma secreta. Mendieta entrou e mostrou porque além de ser banco na seleção espanhola também mofa no banco de reservas da Lazio. A meu ver, era um dos melhores da Espanha. Contra a Coréia, foi lamentável.
A Itália declarou sua solidariedade à Espanha, e acho corretíssimo - em 1994, Luis Enrique, da Espanha, levou uma porrada de um zagueiro italiano na cara, saiu sangrando, mas foi diferente: o juiz não viu. Há que se dar um desconto.
O roubo à Espanha foi um atentado, um acinte. Inacreditável. Querem mesmo a Coréia campeã. Agora, resta saber se adiantará roubo contra a Alemanha. Eu duvido.
************
E lá vêm os turcos novamente, com sede de vingança. Recebi email de um colega turco, o Murat Agca, dizendo que o povo lá só pensa em se vingar do pênalti "malandro" de Luizão e da catimba de Rivaldo, que se jogou com uma bolinha fraca chutada por Hakan Unsal, provocando a expulsão do turco. O time deles subiu de produção, é verdade. Estão há três jogos sem levar gols - e de toda maneira levaram só três gols na Copa, um de pênalti roubado, bem menos que a gente. Além de tudo isso, o treinador Senol Gunes ganhou confiança e não seria exagero dizer que hoje ele tem plena convicção do que está fazendo.
Vai ser preciso coração.

sexta-feira, junho 21, 2002

O treino com dez
Não, jamais chamaria uma quarta-de-final contra a Inglaterra de "treino". O título na verdade é para fazer justiça a Luiz Felipe Scolari, treinador contra o qual eu nunca fui com a cara, treinador que eu sempre achei fraco, enfim, estou aqui para me dobrar, me render a uma evidência: ele foi extremamente inteligente quando, nos treinos pré-amistoso contra a Catalunha, tirou um jogador dos titulares para treinar uma forma de o Brasil jogar com dez. Enfim, foi previdente o suficiente para pensar na hora do aperto.
Uma malandragem, uma experiência, que só vi igual em Evaristo de Macedo (é sério) ano passado, quando seu Bahia enfrentou o São Caetano pelas oitavas do Brasileiro. No sufoco do Anacleto Campanella, no meio do segundo tempo da prorrogação (o empate era do São Caetano), Evaristo AINDA TINHA uma substituição, e a fez.
Está certo que o árbitro mexicano, na minha modesta opinião, foi um pouco rigoroso - primeiro, porque está nítido que não houve dolo. Segundo, Ronaldinho Gaúcho não tinha sequer amarelo, e terceiro, foi uma falta de ataque, não impedia progressão nenhuma. Mas com a vitória, os árbitros-comentaristas vão aliviar o mexicano, que deixou de dar cartão amarelo para Beckham (se jogou dentro da área duas vezes).
Para o caminho do penta, a melhor coisa foi pegar logo uma Inglaterra pelo caminho, e não uma baba. Porque a maior conquista deste jogo foi a autoconfiança. Não estou querendo dizer que com isso Lúcio, Edmílson e Roque Júnior viraram Mozer, Gamarra e Aldair. Mas o time agora tem currículo - a coisa que mais faltava ao time de Scolari. Nome: Brasil. Idade: 502 anos. Atual treinador: Scolari. Últimas conquistas: vencer a Inglaterra de Beckham e Owen com dez jogadores durante 35 minutos.
Quanto a Beckham, não jogou tanto quanto Scholes. Mas com certeza, hoje o inglês pode assinar finalmente um contrato de patrocínio com a De Millus, já que dizem tanto que ele usa as roupas íntimas de sua Spice Girl.
Spice por pimenta, sou mais a da feijoada brasileira. Avante para o Penta!!!

quinta-feira, junho 20, 2002

É hoje
Não há mais o que se dizer mais sobre Brasil x Inglaterra. Está tudo lá, nos jornais, principalmente no Lance. Agora, é acordar uma da manhã, me arrumar para o trabalho, e seguir com o coração na mão. Espero que o Galvão não tenha que encarar uma morte súbita - senão ele morre e mata milhões de brasileiros junto, de enfarte. E vamos rezar para que Rivaldo, Ronaldos, Roberto Carlos e cia. provem que o brasileiro ainda é superior na bola. God save us. And let the queen fuck herself.

São Jorge e os ingleses
Clicando aqui você lerá excelente artigo do jornalista Sílio Boccanera explicando porque São Jorge ficará em posição meio difícil no próximo Brasil x Inglaterra. Mais uma cortesia da mail listing do jornalista Carlos Alberto Teixeira.


quarta-feira, junho 19, 2002

Blog do bom
Mais um blog sobre Copa que dá o que falar: é o Nação na Copa, cujo endereço é http://nacaourubu.weblogger.com.br. "Nação Urubu"? Hum, sei lá, tem algo nesse blog que me agrada, e muito....o que será....?

terça-feira, junho 18, 2002

Sayo-nara, samurais
Um trapalhão o técnico Troussier, do Japão. Tirou o melhor jogador, Inamoto, originalmente um zagueiro mas que fazia a distribuição de bola como volante (se não me engano, ele faz isso no Arsenal de vez em quando), e desmontou o time no segundo tempo. Ainda tirou o melhor em campo na primeira etapa, o brasileiro Alexsandro dos Santos, naturalizado japonês com o nick name de Alex. Pronto. Acabou com o time.
A Turquia se fechou todinha, com competência, e o gol marcado aos 12 do primeiro tempo acabou sendo o único. Agora, os turcos pegam Senegal. Teoricamente, um jogo baba. Mas para mim é a ascensão de duas forças desconhecidas, um confronto de povos fanáticos, um encontro de idiomas alienígenas. Turquia e Senegal simplesmente vão decidir quem será UM dos QUATRO semifinalistas da Copa do Mundo de 2002.
Só falta a Coréia do Sul ganhar da Espanha (não é impossível), os EUA ganharem da Alemanha (muito difícil, mas já não duvido) e pronto. Olhem o quadro que nos espera.
Turquia ou Senegal x Brasil ou Inglaterra, de um lado. Coréia do Sul x EUA de outro (um confronto bem político, até...).
Baba, baby, baba. Nem Kelly Key sabia que sua música seria mais tema da Copa do Mundo do que o estranhíssimo "allez, allez, allez" do Rick Martin em 1998.

Arrivederci, ragazzi
A Squadra Azzurra se despede da Copa. É quase tão deprimente quanto uma Copa sem o Brasil (nada superaria em termos de sem-gracice uma Copa sem o Brasil), a Copa sem a Itália, sem seus torcedores fanáticos, sem seus jogadores limitados que bicam para a frente na hora do sufoco, sem seus esquemas defensivos tortuosos, e, principalmente, sem a paixão que desperta a camisa azul.
O juiz equatoriano, se me permitem, garfou a Azzurra. Meus pressentimentos eram piores, eu achei que a Coréia iria ganhar mas na bola mesmo. Não cogitei o garfo.
Além do juiz ladrão, um técnico incompetente, Giovanni Trappatoni. Uma combinação contra a qual até a Lei da Gravidade seria revogada. Trappatoni simplesmente deve acreditar do fundo do coração que é possível ficar 25 minutos com segurança lá atrás, fechado na defesa. E para isso tira o Del Piero de campo. Claro, claro, vai dar certo. Daria?
Só se fossem os coreanos completamente ineptos. Mas quem diria isso de uma seleção que eliminou Portugal dos gênios Figo e Rui Costa?
Taí o resultado: além da burrice do técnico, um idiota chamado Totti - que foi para a Itália só para inflamar a libido das meninas - se joga na área e dá motivos para o ladrão equatoriano expulsá-lo. Claro que não deu outra: cartão vermelho.
Espero que Totti e Trappatoni sejam devidamente recebidos a pedradas. Dupla de escroques.
Bom, pelo menos agora só torço pela minha seleção número 1, claro, o Brasil. E fuck the queen na sexta-feira!

segunda-feira, junho 17, 2002

90 minutos de morte súbita
A impressão que eu tinha a cada ataque belga era essa: morte súbita. Com aquela zaga, o medo de o Brasil tomar um gol e não conseguir virar dominou meu sistema nervoso o tempo inteiro. O primeiro tempo, por sorte, não vi direito, e perdi o gol anulado. Agora, no segundo, ter que ver "São" Marcos garantindo o 0 a 0 nosso de cada dia foi demais.
Sorte é que temos jogadores que desequilibram, que fazem a diferença - Ronaldinho Gaúcho, com um lance, acha Rivaldo na entrada da área; por um minuto achei que ele fosse fazer aquele gol de bicicleta que ele já marcou pelo Barcelona. Mas não, veio uma matada leve e a bomba, batendo no pé de um zagueiro antes de entrar. Golaço.
Kleberson, ao lado de Gilberto Silva, sempre criticado, deu boa arrancada e um passe primoroso para Ronaldo fazer o segundo. Alegria, alívio.
Muita injustiça criticar o Gilberto Silva e o Kleberson, pois são jogadores que EM NENHUM MOMENTO comprometeram. Kleberson pode não ser um craque, mas mereceu a glória de ter dado passe para o gol do alívio.
Como dizem em São Paulo, "chupem argentinos", que estavam torcendo pela Bélgica. Agora, God Save Us From The Queen. Vamos sofrer, mas estou achando que dá. Vamos em frente!

O Mala da Copa
Vamos eleger, galera, o Mala da Copa aqui na enquete de A Copa vista da Cozinha. Galvão Bueno eu coloquei mais porque é hors-concours. Mas eu vou votar no cara da propaganda das Casas Bahia.

Golden p. nenhuma
Não tem nada de dourado um gol que pode matar centenas de pessoas do coração. Nada disso. Chega desse negócio de morte súbita, a FIFA tem que acabar com isso.
Se não a FIFA, pelo menos a Seleção Brasileira - ou então a morte súbita acaba comigo. Não quero nem pensar na hipótese hoje, contra a Bélgica. Estarei fazendo matéria em algum lugar, mas se rolar morte súbita, já sabem que posso ter me internado numa clínica psiquiátrica ou no pro-cardíaco, preventivamente.

Por um punhado de Texas
A derrota na disputa territorial com os EUA - que lhes custou o Texas - deu aos mexicanos a pecha de povo entreguista, sangue de barata. Mas agora veio a vingança: pela primeira vez México e EUA estão frente a frente em um jogo mata-mata de Copa do Mundo. O time de Bruce Arena é muito bem preparado fisicamente, mas sinceramente acho que confio mais em Javier Aguirre, com seus mexicanos bravios, liderados por um Blanco dando seu famoso "Bunny Jump" e Torrado jogando tudo, mas tudo mesmo. Vamos ver. Acho que será ótimo jogo.

Squadra Azzurra
Crescem minhas desconfianças de que a Squadra Azzurra estará se despedindo da Copa do Mundo neste jogo contra Coréia do Sul.

domingo, junho 16, 2002

Camacho ma non troppo
Não pode ser macho um técnico que, com 1 a 0 de vantagem aos 30 minutos do segundo tempo de um jogo mata-mata, sofrendo pressão irlandesa, inventa de tirar Raúl e Morientes de seu time. Deu no que deu - a Espanha classificou, mas te garanto que os Pro-Cardíacos de Madrid a Oviedo lotaram. Afinal, entrou o Albelda no lugar de Morientes, o cara sentiu algo na virilha e simplesmente deixou seu time com dez jogadores (tinham acabado as substituições) em plena prorrogação com morte súbita.
Enquanto isso, a Irlanda revelava seu melhor jogador nesta Copa: Damien Duff, melhor até que Robbie Keane. Foi boa a participação irlandesa - acho sempre bom quando um time deixa de ser simples baba para ser pelo menos cuspidinha. Foi uma Irlanda pelo menos mais técnica a que jogou esta Copa.
Também, era o mínimo que se podia pedir para quem tirou a Holanda.
Agora, vamos ver se a Fúria morre ou não na praia.

Futebol total
O melhor jogo da Copa até agora foi Senegal 2x1 Suécia. Ou melhor, a prorrogação de Senegal 2x1 Suécia. Apesar de os noventa minutos terem sido também sensacionais, o diferencial em relação a outros bons jogos (como Argentina 0x1 Inglaterra e Brasil 5x2 Costa Rica) foi o drama da prorrogação que se encerraria com o golden goal, o gol de "morte súbita" - como era chamado antes da ideologia politicamente correta exigir o novo nome. Aliás, a FIFA deve continuar com a prorrogação com o golden goal, apesar de todos os rumores de que essa cruel forma de decisão já ter sido extinta pela UEFA.
A jogada de Anders Svensson, um dos craques suecos, rodopiando com o pé em cima da bola e mandando um balaço na trave direita do excelente goleiro Tony Sylva foi uma pintura, dessas jogadas que justificam a existência de uma Copa do Mundo. Gozado é que aquele tipo de jogada, tão raro, é mais do que comum no joguinho Fifa Soccer 98, da plataforma Nintendo 64, como já lembrou Maggi em seu blog.
Henri Camara teve uma atuação esplendorosa, fazendo dois gols de futebol-arte, desses que me lembraram o Brasil de 1982. Faltam três jogos para Senegal ganhar a Copa - e os Leões (não indomáveis, como Camarões) estão há 12 jogos invictos (a Copa Africana foi perdida nos pênaltis para Camarões, portanto, para retrospecto, vale como empate). Depois deste jogo contra a Suécia, sabendo que Khalilou Fadiga, alguém aposta cegamente na derrota senegalesa?
Para piorar, nas quartas eles ainda pegam o vencedor de Japão x Turquia, duas seleções que ainda não têm tradição para pesar em cima dos senegaleses, ou seja, terá que ser jogo parelho - embora os japoneses tenham torcida berrando a favor. Só mesmo na semifinal que o Senegal pode pegar uma seleção que "já começa ganhando por causa da camisa", caso de Brasil e Inglaterra.
Apesar de acreditar no pentacampeonato, acho bom já começar a observar esses Leões franceses, que têm El-Hadji Diouf, muito provavelmente, o melhor jogador da Copa até agora.
Agora, vou ver esse segundo tempo de Espanha x Irlanda.

Outra falha
Está caindo de qualidade A COPA VISTA DA COZINHA. Agora, foi um post que estava destinado ao outro blog que veio parar aqui. Perdão mais uma vez.

sábado, junho 15, 2002

Errei
Escrevi errado o nome do autor do terceiro gol inglês. É Heskey, e não Vassel. Desculpem a minha falha.

God save us from the queen
O título, claro, é uma paráfrase do hino inglês. Acrescentei o "us" porque é a Inglaterra que nós iremos enfrentar nas quartas-de-final. Vamos, sim. Apesar de ter medo de zebra, acho que o Brasil passa pela Bélgica nesta segunda de manhã - apesar desta Bélgica ter uma cara de zebra tão grande que deveria vir com o uniforme listrado. Mas, toc, toc, toc, pé de pato mangalô três vezes e vamos lá encontrar os ingleses.
O time já começa com uma lenda no gol: David Seaman. Aliás, na terra do não-gol, goleiro sempre vira lenda, é só ver Peter Shilton, Gordon Banks, Pat Jennings - este, da Irlanda. Mas Seaman já fez uma defesa sensacional contra a Argentina, provando que está com os reflexos melhores do que nunca. Aliás, procurem no site do TelecineHappy e verifiquem se passará nestes dias o filme "Tudo pelo futebol". Vi outro dia e achei ótimo, não conheço nem atores nem diretor, mas é um show - se passa durante a chatíssima Eurocopa de 1996 realizada na Inglaterra, onde a única coisa boa foi o gol de Gascoigne contra a Escócia.
Pois os ingleses levam fumo contra a Alemanha nos pênaltis, e no final o personagem central do filme vai se embebedar num pub. Com a cabeça baixa, ele enche o pote para esquecer a Inglaterra e ouve alguém comentando também o quanto estava puto da vida. O cara se levanta para ver quem está falando e o interlocutor é ninguém menos que....David Seaman!! "Para mim também foi horrível", diz o goleirão, fazendo uma ponta no fim do filme.
Depois a coisa fica feia para os ingleses, porque aquele Mills é uma avenida na lateral-direita. É jogo para colocar o Denílson aberto, ou mesmo o Júnior de ponta-esquerda, e alguém virar herói. Mas cuidado com a zaga: Rio Ferdinand e Campbell são fortes pacas e sobem bem ao ataque.
Mas não adianta falar bem de Scholes, Vassel, Dyer...O negócio da Inglaterra é a dupla Beckham-Owen. O primeiro se confirmou como craque, o segundo é indomável. Beckham atuou em 1998 mais como um ala-direita, hoje está mais ou menos ali também, só que mais para dentro na hora em que o jogo fecha no meio. No terceiro gol contra a Dinamarca, ele fecha bonito para, entre três dinamarqueses dar um passe para Vassel fazer o gol com precisão comparável àquele de Pelé para Carlos Alberto Torres em 1970.
Além dos dois craques - que fazem a diferença, afinal a Inglaterra deu de 3 a 0 na Dinamarca porque tem craque, e a Dinamarca não tem - os ingleses ainda tem um patriotismo de guerra que é de matar. Os torcedores ingleses - não falo nem de hooligans - parecem estar sempre indo para a guerra, parecem ser sempre voluntários, cantam o hino o jogo todo, berram, se embebedam. Um deles colocou a estátua de cera de Beckham (com faixa de capitão e tudo) em frente a uma outra estátua de um outro herói de guerra, em Londres.
Além de tudo, eles vieram à Copa para ganhar - é talvez o melhor time inglês desde 1966. Os loucos torcedores estão mais confiantes do que nunca. Enfim, será uma parada duríssima, e os jogadores brasileiros precisarão de MUITA personalidade para superarem. Se conseguirem, deixarão para trás toda a polêmica de eliminatórias, todas as críticas, o fantasma de Romário, o problema do 3-5-2, tudo, tudo.
Vencer a Inglaterra será praticamente como vencer a Copa do Mundo.

Castigo mais do que merecido
É claro que eu estava secando a Alemanha, como faço há trocentos anos, desde que Hrubesch eliminou Platini em 1982. Mas a derrota do Paraguai aos 43 minutos do segundo tempo, com gol de Neuville - esse sim, um atacante mais técnico que Klose e Jancker - foi um castigo mais do que merecido para a seleção que tinha as intenções mais cretinas em campo.
Lamento apenas por causa do Gamarra, que esteve muito bem. Mas acho que um time que entra com o péssimo Cardoso no ataque (pior: ele foi titular, o Jorge Campos, que fez gol no Brasil nas Eliminatórias, só entrou porque Roque Santa Cruz se machucou) no ataque tem mais é que se danar.
Um time que precisa do goleiro bater falta é precário. Um time como o Paraguai, em que no último minuto de um jogo mata-mata de Copa do Mundo o lateral-direito - Arce - pega a bola na quina da área e simplesmente dá um balão ISOLANDO a mesma, sinceramente, não tem como se classificar.
Nunca entendi por que o Paraguai insiste tanto com Cardoso, desde a Copa de 1998. Naquela derrota para a França em 1998- ah, quanto mal poderia ter sido evitado - por gol em morte súbita, o Cardoso foi o principal responsável pelo Paraguai desperdiçar todas as oportunidades. Este ano, mais uma vez, enterrou o time.
Maldini provou ser um técnico pouco pretensioso, bom para Goytacaz ou Americano. Nem isso. Depois do gol, aos 45 minutos, entra....Cuevas! Tá de sacanagem o Maldini! Agora? Está certo que ele queria Cuevas na morte súbita, etc, mas será que custava colocar o atacante com pelo menos 35 do segundo tempo, para TENTAR ganhar no tempo normal?
Volta para casa o Paraguai, e segue adiante os alemães. Pegam uma teta agora: vencedor de México x EUA. Em 1998, quase que os mexicanos perturbam - um gol tipicamente alemão de Bierhoff tirou os fundadores da oktoberfest do sufoco.
Contra os EUA, acho que os alemães só se quebraram uma vez: na década de 40, na Normandia. Mas não era futebol.

sexta-feira, junho 14, 2002

Camelô de idéias
Ei, eu sei que já falei disso no meu outro blog, mas vê se domingo dá para comprar a revista LANCE A+, que vem junto com o jornal, porque vai estrear a minha coluna, valeu? Ah, e não se assuste com a foto, se eu fosse bonito eu não seria jornalista e sim modelo fotográfico e já teria ido casar com a Meg Ryan ao invés de ficar aqui escrevendo Blog!
Bom fim de semana!

A loteria das oitavas
Infelizmente, acho que a minha querida Squadra Azzurra vai dançar na mão da Coréia. Acredito que a Suécia supere Senegal porque Fadiga está suspenso e não joga. Vou de México contra os EUA, porque Torrado e Blanco estão jogando muito. Japão detona os turcos. A Inglaterra passa pela Dinamarca na morte súbita. A Alemanha trucida o Paraguai (apesar de eu estar torcendo para o time de Gamarra). A Irlanda pode surpreender a Espanha, mas é um jogo em que prefiro não arriscar um palpite - é o mais incógnito de todos.
E o Brasil passa pela Bélgica, sim senhor.

Tristeza
Eu aprendi desde cedo que Portugal é uma coisa e o Vasco é outra. Não me sinto torcendo pelo Vasco quando rezo para a seleção portuguesa, essa nobre seleção portuguesa, sobrepujar seus adversários. De maneira alguma. Me sinto, sim, torcendo para um time que tem Figo, João Pinto, Sérgio Conceição, Fernando Couto e o extraordinário Rui Costa. Ou seja, me sinto torcendo para um time de futebol, ainda que, à exceção do primeiro nome - o atual maior jogador do mundo - todos os outros tenham nome de secretário de Saúde de município da Baixada Fluminense.
Portugal, na manhã de hoje, participou de mais um momento de mágoa minha com esta Copa do Mundo que vem injustiçando os craques. Estamos condenados a uma Copa do Mundo sem Zidane, Verón e agora sem Figo. Este, para mim, foi a maior vítima de tudo o que aconteceu com a seleção portuguesa - esta era a Copa de Luís Figo, na minha opinião. Nem antes, nem depois.
Que o Brasil seja campeão, é claro que eu quero. Mas como me honraria, ver o Brasil penta vencendo Portugal numa grande final, com um grande adversário, contra um grande craque. Como me honraria, ver o Brasil superar o timaço argentino numa semifinal atribulada, quem sabe com gol na morte súbita.
Portugal teve uma sorte madrasta - como dizia o treinador Ondino Vieira. Primeiro, perdeu João Pinto, expulso por uma irresponsabilidade. Não fosse aquilo e talvez o time de Antonio Oliveira saísse do intervalo mais disposto. Depois, com a expulsão de Beto, desarrumou-se por completo, expondo Vítor Baía, que acabou tendo uma tarde de heroísmo. O grande Vítor Baía, que voltou a ser grande, mostrando que raça também pode ser atributo de um goleiro - comportamento bem diferente do nosso Marcos, que disse que "ganhar a Copa não muda nada na vida do goleiro".
Mas acabou para Portugal. Ver Figo triste me remeteu a Romário, alijado de sua última chance, mas por mãos humanas, e não mãos divinas, como Figo. Ver Figo saindo de campo, ainda altivo, ainda um craque - mesmo que tenha jogado mal - e ao mesmo tempo saindo da Copa, me veio a mais medonha das vertigens que temos quando criança, que é a vertigem do tempo, aquela que se sente quando alguém lhe diz "você vai crescer". Sim, veio a vertigem de saber que o tempo passa, virão outras Copas e dificilmente Figo lá estará. E Zidane, e Romário.
Me lembrei quando criança, e meu pai, ainda vivo, claro, me disse pela primeira vez que "um dia o Zico vai parar de jogar", e eu não sabia se estava sentindo pena do Zico ou pena de mim mesmo, de ter que viver tardes de domingo sem Zico no Maracanã.
Pois é. Ao ver um ídolo, um símbolo do futebol como Figo sair de campo decepcionado, amargurado, sinto a mesma tristeza que ele, sinto um pouco de pena dele porque um craque não merece isso, mas ao mesmo tempo sinto o mais vil dos sentimento - a pena de mim mesmo, que terei de acompanhar um Copa sem Luís Figo.
Que Portugal jamais desanime, pois já provou que pode fabricar craques.

quarta-feira, junho 12, 2002

Língua queimada
No meu post abaixo digo que o Brasil será o único dos cinco sul-americanos a ir para as oitavas. Os bravos paraguaios comandados por Carlos Alberto Gamarra Pavón, este que é talvez um dos maiores zagueiros de todos os tempos, superaram tudo e todos e foram para as oitavas. Agora, pegam a Alemanha.
Um jogo desses não dá nem para arriscar nada. Só sei que Gamarra não é tão bom de jogo aéreo a ponto de superar o tempo todo os grandalhões Klose e Jancker - este, o centroavante que não faz gol.

Lágrimas verdadeiras
Uma coisa jamais poderá ser negada aos argentinos: a capacidade que têm de viver tudo intensamente - principalmente o futebol. Talvez esse seja o principal motivo da "rivalidade" que temos com eles, e vice-versa, a sensação de que há pouco espaço no continente para dois povos chorões. Eles nos superam, mas não na paixão futebolística (que é igual)e sim em termos de dramaticidade e é na música. Enquanto a imagem que temos no exterior de brasileiros é de sambistas animados com pandeiros e camisas listradas em vermelho e branco, sempre que se fala dos hermanos a trilha sonora é a mesma: um tango triste, quem sabe de Astor Piazzola.
Não acredito que haja brasileiro que não tenha sentido uma ponta de arrependimento ao ver os torcedores argentinos dando abraços de velório uns aos outros - aquele típico abraço em que o abraçador tenta passar força para o abraçado mas na verdade está pedindo ajuda também. Sair tão cedo de uma Copa onde eles eram favoritíssimos, e talvez o melhor time, sim, foi algo cruel demais para um povo que tem sofrido horrores desde novembro do ano passado.
Ver o marrento Batistuta se quedar em choque, no gramado, ver Ortega - que perdeu um pênalti decisivo e foi salvo no rebote por Crespo - sair de cabeça baixa, tudo isso teve uma dimensão gigantesca. Me recordou imediatamente a despedida lacrimosa de Diego Maradona, os escândalos de Menem que se seguiram à esperança de novos dias, as lágrimas de Dieguito na final de 1990, a chegada de Alfonsín ao poder significando o fim da ditadura militar, a derrota nas Malvinas, todos aqueles desaparecidos descritos nos livros de Tomás Eloy Gutierrez. Me deu uma sensação de América Latina - um lugar que é aqui do lado e que a bem da verdade quem é brasileiro não consegue entender o que é (apesar de pertencermos geograficamente a ela).
A derrota da Argentina é mesmo como um final de batalha triste em que - por incrível que pareça - o vilão venceu. Por mais que tenhamos rivalidade, é inegável que termos a apolínea Suécia na Copa e não a dionisíaca Argentina, com seus brasileiríssimos (!) craques, é uma vitória dos vilões do futebol. Nós, que passamos tanto tempo criticando nossa própria seleção, nossos técnicos, por terem uma postura de futebol feio - cabeças de área, três zagueiros ruins, atacantes sem talento de Romário - não podemos comemorar assim tão efusivamente um fato desses. A Suécia está na Copa. Lá vem aquela retranca de novo, que enfrentamos em 1994 e suamos para fazer dois gols em dois jogos chatérrimos.
E a Argentina não está mais na Copa. Lá vai, para o cadafalso dos sonhos, as imagens de grandes confrontos, como o 0 a 0 de 1978 em Mar Del Plata, mais emocionante que qualquer vitória sueca. Lá vai embora a Argentina, levando as lembranças do 3 a 1 de 1982, com show de Zico e Júnior. Lá se vão os hermanos, que em 1990 nos fizeram chorar com Caniggia.
Sim, não podemos ser cínicos a ponto de negar que estamos felizes e meio vingados pela saída prematura da Argentina - nossa porção "patriotada", aquela porção Galvão Bueno, agradece. Afinal, quantas capas do Olé, quantas chacotas, tivemos que aturar até termos esse momento de terrível humilhação para os eternos rivais?
Agora, não posso deixar de me solidarizar com Borges, Cortázar, Piazzola e tudo o mais que aquele país ao Sul já produziu de bom, não posso deixar de admirar essas lágrimas verdadeiras dos portenhos - lágrimas de um drama de verdade, e não aquela indiferença francesa irritante do "Copa, que Copa?" pronunciada por franceses entrevistados em Paris depois da derrota para o Senegal. Provavelmente a mesma indiferença dos suecos, muito mais experts em revistinhas de sacanagem do que em futebol.
Sim, ficou mais fácil para nós, sem eles no caminho. Mas será que quem gosta MESMO de futebol fica totalmente feliz? Seria mais difícil para nós com os argentinos no caminho, assim como seria mais difícil para nós se tivéssemos Romário no ataque, um craque fora de forma - mas um craque.
Um dia, espero que ainda longe, o gosto pela facilidade ainda vai matar o futebol.

Grande obra do mestre Picasso não é a mesma coisa que....
Escrevo duas horas antes da decisão do grupo da morte, pensando no caso de dar Inglaterra e Suécia, com los hermanos voltando para casa. Das 16 seleções a disputar as oitavas de final, poderíamos ter somente quatro de tradição, campeãs mundiais: Brasil, Alemanha, Itália, Inglaterra - e isso se a Itália passar, pois está seriamente ameaçada. Na "grade" da final estão Brasil e Inglaterra (se encontrando antes) de um lado e Itália e Alemanha (idem) do outro.
No meio do caminho dessas quatro seleções até a final (se os hermanos realmente ficarem de fora), estão lá Espanha, Coréia do Sul jogando em casa, Portugal se passar, Senegal e quem sabe o futebol mexicano. Se der uma zebra - o que, como já vimos, não está nada difícil - e um dos dois lados de tradição se desvanecer nas oitavas, quartas e semi, teremos uma final com probabilidade de sair um campeão inédito.
Isso, é claro, se a Suécia aguentar a pressão argentina logo mais. Se eu tivesse dez reais para apostar com qualquer pessoa, apostaria na Argentina vencendo, e de goleada. Fácil, até. Os hermanos são muito mais time e olhando a disposição deles em campo é fácil notar que eles têm plena convicção do que estão fazendo.
Agora, se os hermanos não entrarem hoje, relembrem os cinco classificados nas Eliminatórias Sul-Americanas: Brasil, Argentina, Equador, Paraguai e Uruguai.
Quem é que fica??? Isso, o time de Scolari e Roque Júnior...
Mas, como eu já disse no título, o fato de o Brasil ir ficando cada vez mais sozinho nessa Copa não significa que já levamos...

terça-feira, junho 11, 2002

ADEEEEEEUUUUUUUUUUUUUSSSSSSSSSS LEESSS BLLEEEEEEEEEEEEEEUSSSSSS
Tchau, franceses de m....!!!! Já vão tarde!!! Incompetentes!!! Nem gol conseguem fazer!!!!!
Tá mais que provado que aquela final de 1998 foi acidente. O time da França empata com o Bambala. É LENDA!
Tchau, bleus! Até qualquer dia....Se é que vão se classificar para alguma Copa de novo...

Argentina, Alemanha, Inglaterra, França...
Não, sair todo mundo não dá, porque no caso do grupo F a Nigéria já dançou e é impossível só a Suécia se classificar. Mas nos dois primeiros dias da última rodada é bem possível "rodarem" Argentina, Alemanha e França. Afinal, basta um empate dos hermanos contra a Suécia, uma vitória de Camarões contra a Alemanha (empate não serve porque o saldo de gols tá brabo) com vitória da Irlanda no outro jogo por uns três de diferença e um empate entre França e Dinamarca. Três resultados que não são impossíveis.
Agora, acho que na hora da decisão, do vamos ver, esses timaços crescem. Ainda mais a França com Zidane, que é favorita e tem um craque no meio-campo que sabe muito bem o que está fazendo.

segunda-feira, junho 10, 2002

Melhorando um pouco
De sábado para cá a Copa deu uma caída, inegavelmente. Os jogos: África do Sul 1 x 0 Eslovênia (péssimo), Itália 1 x 2 Croácia (bom jogo, mas roubaram a Itália), Brasil 4 x 0 China (bom primeiro tempo), México 2 x 1 Equador (razoável), Costa Rica 1 x 1 Turquia (emocionante no final apenas), Japão 1 x 0 Rússia (zzzzzzzzzzz), Bélgica 1 x 1 Tunísia (hã? que foi? me acordou por quê?), EUA 1 x 1 Coréia do Sul (zzzzzzzzzzzz) e finalmente a boa vitória de 4 a 0 de Portugal sobre a Polônia, a resurreição lusitana, com um belo hat-trick de Pauleta. Destaque disso aí: a superioridade técnica dos jogadores brasileiros, algo cada vez mais visível nessa Copa, os erros de Trappatoni (ou Trapalhoni), técnico da Itália - deixou Inzaghi no banco - o futebol-competição do Japão e o estado de apatia do time belga.
Esses últimos, sinceramente, dão pena. Como a Holanda fica de fora de uma Copa e ao invés da Laranja vem um vizinho tão perto e tão medíocre? Lamentável.
Agora, esta madrugada sim, o bicho vai pegar: dois grupaços, A (França, Dinamarca, Uruguai, Senegal) e E (Alemanha, Irlanda, Camarões, Arábia Saudita) vão pro pega pra capar, com sete seleções disputando quatro vagas. Quem vai levar?

O jogo de comadres
Recebo um email de um colega jornalista turco. A desconfiança do cara: "Por aqui há o sentimento geral de que Brasil e Costa Rica, duas nações PERTO uma da outra, possam fazer um jogo que termine em um conveniente empate para a Costa Rica, eliminando a Turquia"
Fiquei sem coragem de explicar para ele que a Costa Rica é tão perto do Brasil quanto o Paquistão é da Turquia. Mas tranquilizei o homem dizendo que nosso time reserva pode ganhar, sim, da Costa Rica.
Quer dizer, se Alexandre Guimarães, o técnico brasileiro dos "ticos" (os turcos não sabiam que ele é brasileiro!) não aprontar nada pra cima de Scolari...

domingo, junho 09, 2002

O bamb e o arima
Tud pe met. O Bra a q jog be, m n f u b pap.
Tá, eu traduzo: tudo pela metade. O Brasil jogou bem mas não fez um bom papel. Afinal, é feio trabalhar pela metade, independentemente de qual seja sua atividade profissional. Nada explique que os jogadores brasileiros - à exceção de Ricardinho e Cafu - decidam de repente que devem usar um jogo inteiro de Copa do Mundo para simplesmente darem uma descansada. Se quisessem um motivo para fazer mais um gol na China, que tal o fato de a Seleção Brasileira não fazer mais de quatro gols em uma partida desde a final da Copa de 1958, contra a Suécia?
Quer outro motivo? Fazer oito a zero, como a Alemanha, e ficar junto com eles no posto de maior goleada da Copa. Impor respeito. Fazer os outros se preocuparem, impor medo. Tudo isso em uma Copa tem uma importância capital.
Se a gente saísse de 3 a 0 no primeiro tempo e jogasse AQUELE segundo tempo contra um adversário menos ingênuo, teríamos sofrido uma virada histórica. Me arrisco a dizer que se a China tivesse só o Romário lá na frente, teriam virado - do mesmo jeito que o Vasco impôs uma virada histórica contra o Palmeiras em 2000, na final da Mercosul. Os chineses mandaram uma bola na trave e ameaçaram diversas vezes - em uma delas, Cafu deu cobertura aos três zagueiros da Família Scolari.
Outro ponto negativo: a substituição de Ronaldinho Gaúcho no intervalo, para a entrada de Denílson, é inexplicável. Só se foi contusão (acordei agora e ainda não me interei das coisas). Afinal, o Gaúcho tinha sofrido a falta no primeiro gol, deu o passe perfeito para o segundo e cobrou o pênalti no terceiro. Pô, o que falta mais?
A substituição dele por Denílson foi digna de Antônio Lopes, nos tempos do Vasco - me lembro de uma na década de 80 em que ele tirou ninguém menos que Giovani e Romário para colocar dois brucutus, e de uma só vez.
Mas deve ter sido o Scolari mesmo, não tem jeito. O resultado? Colocaram dois chineses para marcar Denílson, que só fez perder a bola. Uma lástima.
Outro erro terrível: Ricardinho entrou, mas colocaram ele jogando atrás. Se era para Ricardinho jogar atrás, que colocassem o Kleberson. Na única vez em que esteve na frente, ele deu um bom passe para Edílson. Ricardinho é jogador de dar o último passe.
Tecnicamente, acho que ninguém nessa Copa é superior aos brasileiros - pode ter jogador igual, como Batistuta, Verón, Vieira, Thuram, Ballack, Totti, mas melhor não. O Brasil está sobrando nesse ponto.
Mas o técnico é muito, mas muito fraco mesmo. Deveria ir treinar a Eslovênia - não é um técnico para jogadores bons, de nível.
Nossa sorte é que França, Argentina, Alemanha e Itália podem - todas - sair logo de cara. Aí, sinceramente, o penta fica quase na mão.

sexta-feira, junho 07, 2002

Quem é que sobe?
Bem engraçado o blog que me foi recomendado, destinado a reunir um grupo de pessoas que detestam o Galvão Bueno. Querem conhecer? Cliquem no link http://galvao.malukices.com.

Hermanos: adiós, ainda não
Apesar de tão chorada derrota para a Inglaterra - com pênalti claríssimo bem marcado pelo careca psicopata Pierluigi Colina - os argentinos não precisam se preocupar. É só vencer a Suécia, e estão na próxima fase, tranqüilíssimos. Tudo bem, a retranca sueca promete ser infernal, mas acho que futebol por futebol, a Argentina sobra.

Bambala amarelo
Brasil x China amanhã? Bom, como estarei de folga, talvez eu nem escreva comentários próximos da hora. Mas menos de 5 a 0 vou achar que é derrota.

Copa da boa
Os jogos de ontem, sensacionais. Um gol do Senegal que merece ser repetido em todas as retrospectivas de Copa do Mundo pelos próximos 200 anos, uma pintura. Emocionante também a atuação do pobre Al-Deaeya, que igualou o recorde do mexicano Suárez (170 jogos por uma seleção) e tenta fugir desesperadamente do recorde de outro mexicano, o goleiro Carbajal (24 gols sofridos em Copas - Deaeya tem 22 agora). França 0 x 0 Uruguai, então, nem se fala. Fantástico jogo, bem ao estilo uruguaio - uma verdadeira guerra de técnica francesa contra raça uruguaia.
**********************
Enfim, tá bom demais. Hoje, três jogos bons: um é inter-racial, Suécia x Nigéria. Verdadeiro defesa x ataque. Logo depois, a Espanha do cracaço Raúl pega o Paraguai de Gamarra e Arce. Como cereja nesse sorvete, o marrentíssimo Chilavert, que volta ao gol após cumprir suspensão por escarrar nos cornos de Roberto Carlos, naquele jogo no Olímpico pelas Eliminatórias. Chilavert, louco como ele só, prometeu "dois gols contra a Espanha".
Raúl vai meter dois e sair dizendo, "é, Chilavert prometeu e cumpriu"....
**********************
E, finalizando uma jornada maravilhosa de futebol, a MÃE DE TODAS AS BATALHAS: Argentina x Inglaterra!
Sobre esse jogo, nem preciso falar nada. Basta lembrar que Verón, o argentino craque do Manchester United, vem detonando a Inglaterra em suas declarações, dizendo entre outras coisas que os ingleses NADA significam para ele. Beckham acusou os argentinos de "usarem artifícios para vencer" (Beckham mostrou que entende de futebol argentino...), e El Pibe de Oro Maradona disse, literalmente (não foi traduzido assim, infelizmente), que os ingleses "estão se cagando de medo" da Argentina.
**********************
Verón tem uma herança agradável: seu pai, Ramón Verón, foi campeão Mundial Interclubes de 1968, vencendo na final em dois jogos ninguém menos que.....o MANCHESTER UNITED!!!! E isso atuando pelo Estudiantes de La Plata. Por esse time jogava também Carlos Bilardo, técnico campeão do mundo pela Argentina em 1986! O genial meia Verón também tem bons fluidos a favor porque afinal de contas foi um dos melhores naquele 2 a 2 da Copa de 1998 - no qual depois a Argentina venceria nos pênaltis.
*********************
Enfim, desde as 3h30 há bons motivos para ficar acordado. Meus palpites? Muito difícil, mas se eu fosse arriscar, lá vai: Nigéria 2 x 1 Suécia, Espanha 3 x 1 Paraguai e Argentina 2 x 2 Inglaterra.

quinta-feira, junho 06, 2002

Final sensacional
O grupo A (França, Dinamarca, Uruguai e Senegal) terá talvez um dos finais mais sensacionais de toda a história das Copas do Mundo no próximo dia 11. Imperdível. França x Dinamarca e Uruguai x Senegal jogam partidas valendo a classificação. Como critério de desempate, saldo de gols, número de gols marcados e confronto direto.
A situação é tão drástica que, vejam só, se a França vencer a Dinamarca por 3 a 2 e o Uruguai vencer o Senegal por 1 a 0, a França e a Dinamarca se classificam e o Uruguai é último.
Agora, se por acaso o Uruguai vencer por 2 a 0, ou seja, fizer mais um golzinho só, um só, de repente no fim do jogo, do Sebastían "El Loco" Abreu, tudo muda: o Uruguai vira líder e a França vai pro vinagre.
Divertido é fazer simulações em um programinha que circulou antes da Copa por emails. Se eu soubesse onde tem, indicava para vocês
******************
Aliás, falando em "El Loco Abreu": é triste ver uma Copa do Mundo em que um merda desses está jogando e o Romário não está. É triste mesmo.

Les bleus en rouge
A porrada comeu. Les bleus se tingiram de sangue. Henry foi expulso logo no início do jogo. Carini, goleiro uruguaio, fez milagres. No final de tudo, a França não conseguiu sair da lama. E por pouco, se não fosse Barthez pegar um chute de Magallanes livre, le vaquê não ia para o brejô.
Pois é. Desde 1998, a mesma empáfia. Falaram pra cacete daqueles três a zero lá em Paris, mas hoje em dia até a Família Scolari deve trucidar os les bleus.
Agora, depois dessa partida histórica contra o Uruguai, a coisa fica diferente. Os bleus podem tomar uma porrada histórica, saindo na primeira fase de uma Copa do Mundo. Uma performance ridícula. Se perderem para a Dinamarca, superarão o Brasil em termos de "a pior performance de um time que defende título" (a pior é a do Brasil em 1966, que saiu na primeira fase com duas derrotas e uma vitória).
Mas acho que todos devemos ter calma. Afinal, Zizou vem aí. Com ele, a França volta a ser a França campeã do mundo.

Recorde negativo
Falei de sacanagem e era isso mesmo: Al-Deaeya, goleiro da Arábia Saudita, vai mesmo se tornar o goleiro mais vazado da história das Copas do Mundo. Olhei na lista e tá lá: Carbajal, do México, que jogou cinco Copas (acho que de 1954 em diante), tem 24 gols sofridos. Al-Deaeya tem 21, depois dos oito que levou contra a Alemanha. Como acho difícil que eles levem menos de quatro gols nos dois jogos que restam (Camarões e Irlanda), acho que o "´título" já é dele!

quarta-feira, junho 05, 2002

Dez razões para secar a Argentina no jogo contra a Inglaterra
1- Poder sacanear o pessoal do diário Olé
2- Poder sacanear os argentinos em Búzios
3- Nossas mulheres amam o Batistuta
4- O maior ídolo deles faz gol com a mão
5- Os times deles têm nomes em inglês, tipo Newell Old´s Boys ou Racing ou Argentino Juniors
6- A Inglaterra nos deu os Beatles, os Stones, o The Who, o Radiohead. A Argentina nos deu o Fito Paez e a Mercedes Sosa.
7- O maior ídolo deles, Carlos Gardel, é francês
8- Se Eva Perón não tivesse existido, a gente nunca teria visto "Evita" com Madonna no papel principal
9- Encarar os caras na semifinal vai ser duro, é melhor eles saírem logo agora
10- Eles acham que Maradona era melhor que Pelé

As contradições do futebol
Alguém me pergunta, não lembro quem, "mas como você previu a vitória dos EUA sobre Portugal?" (explica-se: coloquei 3 a 2 para os EUA no bolão do Globo On), e fica aquela coisa no ar, só faltando alguém me denunciar como farsante. Sim, um farsante. O fato de eu ter previsto uma vitória dessas só mostra que eu entendo cada vez menos de futebol. Coloquei empate em todos os outros bolões. E depois notei que não apostei em Portugal uma vez sequer. Por que? Porque eu não entendo de futebol. Apostei no futebol como eu aposto no jóquei: olho todos os páreos e escolhos os favoritos de cada um deles. Aí divido em dois grupos: os favoritos que vão confirmar e vão ganhar mesmo e os favoritos que podem decepcionar e dar pule boa.
Portugal é exatamente esse tipo de favorito. Desde 1986 não vai à Copa, trocou de técnico, tomou goleada dentro de casa antes da Copa, e seu maior craque está com problemas físicos. E os EUA? Têm no técnico Bruce Arena um cara que dâ ênfase à parte física, e além disso contam com uma boa estrutura de preparação. Não me surpreenderia se Fox Mulder e Dana Scully encontrassem um arquivo X descrevendo um plano secreto americano de conquistar a Copa em definitivo no período de 50 anos.
E, sinceramente, esse tal de Bruce Arena seca mais do que o Galvão Bueno. Passou a semana inteira dizendo "contra Portugal o empate tá bom" e chega no primeiro tempo dá de três a zero? Haja mandinga.
****************
Vibrei muito com o golaço, espetacular, de raça e talento, marcado por Robbie Keane aos 47 do segundo tempo. Me apaixonei por essa seleção irlandesa limitada, retranqueira mas que busca o ataque na base da raça. Damien Duff também jogou muito, e só não marcou porque perdeu a passada. A Divisão Panzer teve um adversário a altura e mostrou que não estava ela própria à altura daqueles 8 a 0. Peraí, mermão. A Alemanha tem que ser respeitada - mas também não é para se acreditar em goleada de 8 a 0 da Alemanha! Daqui a pouco vão acreditar em 4-3-3 do Felipão, Luizão de artilheiro, Itália ofensiva, Tunísia...
****************
Allez, allez, bleus!!!! Allez, bleus!!!! Vamos à frente azuis!!!! Vamos vencer, azuis......do Uruguai!!!!!

A noiva do galã
Agora tenho que dar razão às mulheres que não entendem nada de futebol mas de quatro em quatro anos vêm a público apenas para falar que os italianos são "lindos". Devem ser mesmo. Afinal, se não tivesse fama de deus grego, o meia-atacante Totti, da Roma, não teria uma noiva tão colírio. Querem ver? Mouse AQUI, dá um clique e pronto. É de cair o queixo a gata.

Troca o endereço
O web log de Copa do Thiago Lavinas, repórter do Lance, trocou de endereço com menos de dois dias de vida: o novo agora é http://sites.uol.com.br/tplavinas/. Continuem acompanhando.

O teste dos Panzers
Na minha modesta opinião, é hoje que nós vamos saber se a Alemanha realmente está bem de ataque ou se foi a Arábia Saudita que viveu um dia de dançarina do ventre quando levou de 8 a 0. Contra a Irlanda de Mick McCarthy, e com aquela defesa acostumada ao jogo aéreo, será o grande teste para os Panzers. A Irlanda, para mim, mostrou contra Camarões que não teve trauma psicológico com a saída de Roy Keane. Aliás, ousaria até dizer que os caras não deram a mínima. Aposto novamente na habilidade e na ousadia de Damien Duff e no oportunismo de Robbie Keane. Acho que hoje é zebra.
Bom, me cobrem se os tanques atropelarem mais uma vez de oito a zero...
****************
Finalmente veremos os portugueses, uma das seleções com o futebol mais bonito, em campo. Resta saber se Figo, Nuno Gomes, Rui Costa e Sérgio Conceição serão suficientes contra a mandinga do treinador norte-americano Bruce Arena, que passou a semana INTEIRA secando Portugal. "Para nós, o empate será mais do que suficiente" ou "Portugal é favorito" foram as frases que ele falou de dez em dez minutos na semana.
Mesmo com secada, os gajos porreiros (gíria que lá significa cara legal) têm tudo para matar o jogo ainda no primeiro tempo.
***************
Agora será a hora da verdade para o meu desempenho nos bolões - no bolão do jornal, estou ameaçado de rebaixamento. Hoje é dia de Rússia x Tunísia, jogo para o qual eu palpitei goleada russa em TODOS os bolões....

Comparação
O grande Alexandre Inagaki reclama, com justiça, sobre minha comparação do caso de 1982, quando Careca foi cortado da Copa pouco antes dela começar, com o corte de Emerson nos dias de hoje. Bom, realmente ficou parecendo, mas é bom deixar bem claro que eu comparei as situações e não os jogadores - Careca era talvez o principal jogador daquele time do Guarani de 1978, que eu sei de cor e salteado (Neneca, Mauro, Gomes, Édson e Miranda; Zé Carlos, Renato Pé Murcho e Zenon; Capitão, Careca e Bozó, com Manguinha entrando no segundo tempo para fechar o miolo).
Nas Copas de 1982 a 1990, o grande atacante sempre foi visto como uma grande esperança, principalmente na de 1990, quando Zico, Sócrates, Falcão já não estavam mais na seleção. Tinha chute fortíssimo, era habilidoso, com pleno domínio de bola e visão de jogo comparável a de um grande meio-campo.
Careca, batizado Antônio de Oliveira Filho, fez carreira no Guarani e no São Paulo, e depois foi ser ídolo no Napoli ao lado de Maradona. Um jogador que é um exemplo de sucesso, daqueles que o tempo não deveria ter interrompido - mas o que é que esse maldito tempo não interrompe?
Por diversas vezes, esteve para vir jogar no Flamengo. Infelizmente, nunca se concretizou - teríamos mais títulos na bagagem se tal fato acontecesse.

terça-feira, junho 04, 2002

Blah!tter
Toda Copa começa assim: os fanáticos por futebol - eu incluso - prometem: vou assistir todos os jogos. Tem o caso de um amigo meu, que fazia estágio em O Fluminense pouco antes da Copa de 1994. Trabalhou tão bem que, em maio, chamaram o cara para ser efetivado. Incrivelmente o malandro declinou do convite, mesmo sabendo que era bom para ele começar logo, precocemente, sua carreira profissional. "No rabo. Vou ver a Copa", disse para ele mesmo. E para a chefe que o chamava para trabalhar, declarou com uma cara de pau de fazer o João Alves se sentir mal: "Tenho uma outra proposta em vista". Tinha mesmo.
Outro grande amigo meu estava desempregado nessa Copa e parou de procurar emprego. Tudo para ver todos os jogos. E não nego que é a coisa mais tentadora de uma Copa. Trabalhando em jornalismo esportivo, até pensei, "bom, como os jogos são em horários diferentes, há grandes chances de eu ver todos". E prometi a mim mesmo que veria. Só que eu não lembrava que existia João Havelange e Joseph Blatter, o primeiro criador do segundo.
Explica-se: Havelange sempre usou a mesma técnica do Caixa D´Água. O que faz o Caixa D´Água na federação carioca? Chega pro Bambala e pro Arimatéia e diz: "cumpadi, vota em mim que eu te ponho no estadual". Beleza. Havelange fez o mesmo e deve ter ganho votos até das Samoas Americanas (não, não é a sandália). Obviamente que ele colocou, em 1996, a Copa lá do outro lado do mundo - com fuso horário ruim para quase todos os países que mais praticam o futebol e que têm mais tradição - e na gestão dele aumentou gradativamente o número de seleções na Copa. De 16 para 24, de 24 para os atuais 32.
Blatter não esconde de ninguém que pensa em aumentar. E em colocar a Copa na África - um dos candidatos é a África do Sul, lugar onde acontecem estupros coletivos (sei de um caso). Só mesmo na cabeça do Blatter.
Com 32 clubes, fica difícil prometer assistir a todos os jogos. Eu mesmo prometi isso e cumpri a promessa até os primeiros minutos de México 1 x 0 Croácia. Veio o jogo do Brasil e todo mundo esqueceu. Aí voltamos à realidade: Costa Rica 2 x 0 China, Japão 2 x 2 Bélgica, Coréia do Sul 2 x 0 Polônia. E amanhã tem Rússia e Tunísia.
Negar que apareceram coisas boas nesses jogos, bom, não nego. Gol de bicicleta da Bélgica, correria da Coréia do Sul com torcida empolgante, atuação do Nakata pelo Japão, e a sonolência incomparável do jogo entre croatas e mexicanos - sim, recomendo para insônia o tape do jogo.
Mas acredito que a longo prazo isso vai banalizar demais a Copa do Mundo. Acho que é preciso mudar alguma coisa - e infelizmente não vai ser com o Blatter.
Pensei outro dia o seguinte: já que, vamos dizer, em mais quarenta anos só teremos dez Copas, de repente poderíamos dar vagas vitalícias aos sete campeões mundiais (Alemanha, Argentina, Brasil, França, Inglaterra, Itália e Uruguai) e "jogar avanço" as outras vagas, só que menos - uma Copa com 24 clubes. Sete campeões mundiais e 17 vagas em disputa. E pronto.
Ou então lancemos logo a candidatura do Caixa D´Água para presidente da FIFA - e a independência da república de Campos dos Goytacazes, para que o Americano vire seleção.
Garanto que o Americano não faria feio contra a Tunísia.

segunda-feira, junho 03, 2002

PRENDAM O JUIZ!!!!!
Impressionante o roubo no jogo do Brasil....e a nosso favor! Agora, eu particularmente achei mau presságio: em 1982, ganhamos roubado o primeiro jogo e também de um time de vermelho. Em 1982, também tivemos um jogador cortado às vésperas da estréia. Em 1982, o Flamengo tinha sido campeão estadual no ano anterior - como agora.
Será?

Pensamento em alguém
Em seu blog That Sounds Juicy, Guilherme Valente reflete: é muito bom ter alguém em quem pensar na hora de bater a cabeça no travesseiro e dormir.
Discordo, grande Guilherme.
Há pelo menos três noites eu tenho deitado e pensado "aquela defesa com Roque Júnior, Lúcio e Edmilson....aquela defesa com Roque Júnior, Lúcio e Edmilson....aquela defesa com Roque Júnior, Lúcio e Edmilson....aquela defesa com Roque Júnior, Lúcio e Edmilson....aquela defesa com Roque Júnior, Lúcio e Edmilson....", ou seja, penso em três pessoas e não tenho achado nada agradável....

É hoje
Vamos que vamos. Com Ronaldinhos, com Rivaldo, com Roberto Carlos, com o que temos lá. Não dá para torcer contra, apesar do Ricardo Teixeira, apesar do Felipão, apesar das CPIs que não deram em nada. O futebol é mais importante do que tudo.
Agora, não dá para deixar de pensar: ah, se tivéssemos o Baixinho por lá....os turcos JÁ ESTARIAM preocupados. Com o Fenômeno meia-bomba, eles tiram onda de que vão ganhar a Copa.
Mas vamos meter 4 a 1 logo, para ganhar moral.

Zagueirão
Vendo Paraguai x África do Sul, aparecia o grande zagueiraço Gamarra. Eu e outros rubro-negros no jornal nos olhávamos como viúvas ou mesmo abandonadas, com o retratinho do falecido ou fujão na mão. Que saudade....
Dói mais ainda a saudade, quando lembramos que a zaga rubro-negra hoje é Valnei e Fernando (ou Flávio).
Fora, Edmundo!

Zzzzz...
A Inglaterra me dá sono. Considero das seleções favoritas da Copa, sem dúvida. Gosto do Campbell, zagueiro, e ainda têm Dyer, Beckham e Owen, jogadores que são craques de verdade. E no gol, David Seaman parece estar na idade certa para goleiro - 38 anos! - pois mostrou grande forma.
Mesmo assim, me deu sono o empate contra a Suécia. Claro, eu já estava com sono de verdade, mas o fato é que o futebol inglês, quando apertado, volta a ser inglês. Sai o café, energético, estimulante, e volta o chazinho de banho-maria - para mim, a expressão que mais significa coisa morna no vocabulário brasileiro.
A chegada do sueco Sven-Goran Eriksson à seleção inglesa deu realmente outra cara, outra feição, a seu futebol - além, é claro, do surgimento, por volta de 1995, dos craques Beckham e Owen.
Mas é mais ou menos como o Ultraman, antigo seriado japonês. Normalmente, tentava combater o monstro com arte, golpes sofisticados de caratê, quedas de judô, etc. Depois de destruir metade de Tóquio e ver que o monstro ainda estava lépido e fagueiro, uma luzinha apitava no peito do Ultraman e ele voltava ao futebol-força: disparava logo três raios esquisitos que cortavam o monstro em três pedaços.
Pois foi isso: quando viram que o monstro sueco ainda estava ameaçando, a Inglaterra voltou à retranca e ao chuveirinho. Deu certo, segundo Eriksson, que disse: "O importante é não perder no início, para ganharmos moral e enfrentarmos a Argentina".
Então tá. Mas acho que será preciso mais do que moral contra um time que tem Simeone dando porrada em todo mundo...

Fúria: será?
Raúl é uma prova de que o futebol sempre vai precisar do craque. Púa, técnico do Uruguai, tirou Recoba de campo e cinco minutos depois tomou um gol da Dinamarca. Campbell, da Inglaterra, cabeceou ontem uma bola perfeita cruzada por....Beckham. Ontem, no momento em que Espanha x Eslovênia parecia uma partida complicada (como eu achei que seria), Luis Enrique fez boa jogada pelo meio, foi desarmado dentro da área, mas a bola veio para Raúl. O cracaço do Real Madrid deu um drible fantástico, sem tocar na bola, no zagueirinho esloveno e tocou para a rede, marcando assim seu 26º gol pela seleção espanhola (por incrível que pareça, o maior artilheiro deles é o zagueiro Fernando Hierro, com 28 gols).
A partir daí, apesar da Eslovênia continuar sendo um adversário atento, o jogo ficou menos tenso para a Fúria. Finalmente estrearam com vitória, e com mais uma, contra Paraguai ou África do Sul, se classificam. Irá longe a Fúria dessa vez? É muito difícil saber. Mas do jeito que está essa Copa, com tanto equilíbrio (tirando a Argentina, que sobra), pode até ser.

domingo, junho 02, 2002

Praga de Baixinho
Ele foi no lugar de Romário em 1998. Quatro anos depois, é apontado em off como um dos integrantes do grupo que não queria a presença do artilheiro vascaíno na família Scolari. Vira líder - mas de mentirinha. Nessa seleção, o único líder é o técnico. Afinal, líder de verdade dentro de um time de futebol é aquele cara que se dirige ao técnico em nome dos outros jogadores - e na Família Scolari, ninguém tem essa petulância.
Agora, o truculento Emerson, como num rasgo de castigo divino, sente na carne e no coração o que Romário sentiu, ao ser excluído de uma Copa do Mundo. E Ricardinho, do Corinthians, o fofoqueiro-mor do futebol brasileiro, é convocado.
Resta esperar até amanhã para saber o quanto esse corte vai afetar a já fragilizada psiquê dessa Família Scolari.
Uma coisa eu não posso negar: andava meio angustiado com a idéia de ver Emerson se juntar a Bellini, Mauro, Carlos Alberto e Dunga. Emerson tem pinta de primo bobão do interior, daqueles que chegam na casa da gente querendo saber onde é a zona.

Eles estão demais mesmo
São um rolo compressor.
Claro, estou falando dos argentinos. Que massacre incessante o dos hermanos, apesar do placar magro de 1 a 0 - gol de Batistuta, que precisa de mais cinco para se tornar o maior artilheiro de todas as Copas (título que pertence a Gerd Muller, da Alemanha, com 14 gols).
Durante os 90 minutos, marcação implacável, no campo do adversário. Zanetti avançando por um lado, Sorín por outro, Verón no meio lançando, tocando, ditando o ritmo, e mais Batistuta e Claudio López na frente - sem contar Simeone destruindo e armando. Impossíveis.
Ainda podem - como o fizeram - colocar Aimar, o jovem do Valencia, e Crespo, sem deixar cair a peteca. Batistuta mostrou que está chutando forte como sempre. E Bielsa ainda teve o bom senso de tirar Burgos e colocar Caballero.
Vai ser dureza passar pelos caras. Estão jogando MUITO mais que a França.
E agora? O jeito é declarar guerra....

sábado, junho 01, 2002

Rodada agitada
Na madruga de hoje, já estarei trabalhando. Quatro jogos que prometem muito: Espanha x Eslovênia e Paraguai x África do Sul, pelo grupo B, e Inglaterra x Suécia e Argentina x Nigéria, pelo grupo F, o Grupo da Morte.
A Fúria vem com o desejo de sempre: fazer uma Copa à altura de sua fama, conquistada ainda nos tempos do goleiro Ricardo Zamora, lá por volta de trinta e lá vai fumaça. Mas novamente é uma seleção de pouco brilho. À parte o atacante goleador Diego Tristán, do La Coruña, e o excelente Raúl, a Espanha não tem um jogador que desequilibre.
E vai encarar, logo de primeira, uma pedreira que é a Eslovênia, liderada pelo bom atacante Zahovic (do Benfica), seleção que, apesar de ter se classificado na repescagem contra a Romênia, saiu invicta das Eliminatórias européias. Na Euro-2000 eles saíram na primeira fase, mas mostraram futebol organizado, empatando um emocionante e inesquecível jogo contra a Iugoslávia em 3 a 3.
Se a Fúria não se cuidar, pode manter a tradição de fazer feio em Copas. Olho também em Rudojna, ponta-de-lança que atua no futebol inglês (não lembro o time) e que bate com as duas.
**********
Paraguai e África do Sul fazem o outro jogo do Grupo B, e tem tudo para ser uma baita de uma pelada. Mas vou assistir porque me dá prazer ver Gamarra jogar. Isso se ele não colocar a mão na coxa com cinco minutos de jogo ou mesmo sentir um enjôo ainda no vestiário - nos últimos dois anos, não vi nenhum jogador mais frágil que o maior zagueiro do mundo. No Flamengo, Gamarra tinha conta na enfermaria e sabia fórmula de antiinflamatório do mesmo jeito que o Milton Neves recita o time do Comercial de Ribeirão Preto que tinha o melhor marcador de Pelé.
Os sul-africanos são uma incógnita para mim, nunca vi jogo deles. Tiveram baixas antes da Copa, mas que eu me lembre ainda têm no meia Fortune, do Manchester United, uma peça importante. Na zaga, Issa tem a experiência da Copa de 1998, mas não sei se será suficiente para segurar o ímpeto do legítimo - apesar de paraguaio - atacante Roque Santa Cruz, sensação do Bayern de Munique.
***********
Pelo grupo F, o bicho começa a pegar. Quem perder hoje vai estar desesperado. Também, pudera: se você for argentino e perder para a Nigéria, vai dormir pensando que terá que fazer pontos obrigatoriamente contra Inglaterra e a retranqueira Suécia. Se você for nigeriano (claro, não vai estar entendendo patavina do que estou entendendo), a mesma coisa. E fico pensando em quem é sueco, pensando que se perder hoje vai ter que correr atrás de Argentina e Nigéria depois. Em suma, cada partida nesse grupo é uma maldade.
Bom, em relação aos argentinos, me comporto como quando algum amigo meu levava uma bolada nas peladas de antigamente. "Doeu?", e o cara, se retorcendo, "Porra, doeu pra cacete, merda", e eu respondia, "puxa, mas eu não estou sentindo nada". Pois é, sentir mesmo eu só vou sentir se los hermanos cruzarem com a gente lá pra frente - não é fácil encarar Sorín, Batistuta, Verón, Killy González, Aimar (reserva), Crespo e López. Prefiro que eles saiam logo agora, na primeira fase.
Imaginem: na primeira fase, França e Argentina fora.....
Falando em "sonhar", vou dormir - afinal, são 16h30 e está mais do que na hora de eu ir pra cama, ué!

Alerta vermelho
Com os oito gols despejados sobre a Arábia Saudita, a Alemanha chegou aos 170 marcados em todas as Copas, e isso logo na primeira rodada desta edição do torneio. Sabem quem lidera esse ranking? O Brasil. Com 173 gols.
É bom a família Scolari meter uns três na Turquia. Os alemães estão perigosamente perto.

As mil e uma noites de Nasser Al-Johar
Eu fui chamar a Celeste Olímpica de Dona Celeste, e logo depois vi uma espécie de harém entrar em campo contra a Alemanha. Inacreditáveis 8 a 0, avassaladores. Pensei o tempo todo que a Arábia Saudita pudesse ter uma participação honrosa na Copa, mas pelo jeito serão o maior saco de pancada da história. Vi somente o primeiro tempo, e desisti de perder sono por causa do jogo ao constatar que um atacante do Kaiserslautern, time de quinta categoria, fizera dois gols em uma Copa do Mundo.
Al-Deayea pelo jeito vai bater recordes mesmo - de gols levados.
O time da Arábia não existe, em nenhum sentido. Jamais poderia ir a uma Copa do Mundo. E acho que deveria haver um critério eliminatório: time que tomasse mais de três gols da Alemanha teria que dar os pontos para todos os outros e voltar para casa mais cedo.
O técnico Al-Johar terá mil e uma noites para pensar nisso, pois não acredito que os sheiks o deixem em paz depois dessa. Se é que a essa hora em que escrevo ele já não tenha dançado....

Dona Celeste
Antigamente se chamava Celeste Olímpica, celeste por causa do azul, olímpica porque foi bicampeão dos Jogos Olímpicos de 1924 (Paris) e 1928 (Amsterdam). Hoje, acho melhor chamar a seleção do Uruguai de Dona Celeste, pois não passa de uma mulher de meia idade insinuante: um passado glamouroso e uma ânsia por se entregar na primeira oportunidade - como acaba de acontecer contra a Dinamarca. E embora de feminino não tenha nada, o treinador Víctor Púa é o maior responsável por essa entrega uruguaia, provando pela milionésima vez que técnico perde jogo.
Primeiro, Púa errou escalando "El Loco" Abreu contra uma equipe de zagueiros altos e volantes fortes e marcadores como a Dinamarca. Devia ter escalado logo o gigante Morales. Depois, deixou Dario Silva muito isolado e longe de Recoba, que fazia de tudo para resolver o jogo sozinho. Finalmente, depois que Darío Rodriguez empatou a partida com um chute sensacional, Púa, sei lá por quê, chegou à conclusão de que o empate era bom negócio e a Dinamarca iria concordar com ele. Não concordaram. Depois que Púa tirou ninguém menos que Alvaro Recoba, os dinamarqueses mostraram que não iam concordar.
E veio o cruzamento de Jorgensen (que fez gol contra o Brasil em 1998), e PIMBA!, cabeçada mortal de Tomasson, atual artilheiro da Copa com dois gols. Os dinamarqueses poderiam ter feito mais, mas até o desespero uruguaio serviu pelo menos para evitar uma goleada. Púa descobriu aos 43 minutos que deveria tirar Abreu e colocar Richard Morales, mas aí realmente era um pouco tarde.
Dona Celeste já estava, como sempre acontece em Copas do Mundo nos últimos anos, totalmente entregue.

Leões domados
O segundo tempo de Irlanda 1 x 1 Camarões mostrou os africanos completamente acuados em seu campo. A Irlanda jogou muito mais, e me arriscaria a dizer que merecia a vitória - que quase obteve em um porradão de Robbie Keane na trave e um chute forte de Reid, bem defendido por Alioum Boukar, que no entanto andou vacilando.
No lugar de Nial Quinn - sei lá porquê - jogou o novato Damien Duff que, sem trocadilhos com seu primeiro nome, estava com o diabo no corpo. No fim do jogo, Duff ainda tirou onda, fazendo umas seis embaixadinhas, para delírios dos irlandeses presentes.
Me pareceu que Mboma sentiu a antiga lesão ou cansou. Suffo, seu substituto natural, entrou e não ajudou muito. Lauren, Eto´o e Geremi, que jogaram muito no primeiro tempo, simplesmente sumiram no segundo.
Os irlandeses surpreenderam o alemão Winfried Schaëffer, treinador de Camarões. Acho que se Roy Keane tivesse ficado, eles dariam muito mais trabalho nesse grupo E.
Bom, agora vou aproveitar a folga e assistir Uruguai x Dinamarca.


A visão americana
No endereço http://www.howardstreet.com/worldcup/worldcupblog.html, o blog sobre Copa do Mundo do americano Bill Davis (que eu não conheço). Interessantíssimo, com uma farta tabela lateral de links. E interessante mais ainda que é de um americano que reconhece que os conterrâneos não estão tão ligados na Copa como ele. Vale a pena a visita.
Altamente recomendado também o blog Copa do Mundo. No mínimo irreverente...

Estilos diferentes
Irlanda x Camarões abrem a rodada. Olho em Lauren, Eto´o e Mboma (se jogar), dos Camarões, serão o fiel da balança. Do lado irlandês, depois da saída inacreditável do astro Roy Keane, resta torcer para o veterano de 1990, Nial Quinn, fazer alguma coisa. O cara é tão velho que jogou ao lado do próprio técnico, Mick McCarthy.
Ao lado de Quinn, tem o veloz atacante Robbie Keane, que, ao contrário do que diz o site Terra, numa gafe DESCOMUNAL, não é irmão de Roy Keane coisíssima nenhuma.
Jogo duro. Mas sou mais os campeões africanos e olímpicos.

Enquanto isso, entre os panzers...
Bierhoff foi barrado da estréia da Copa porque Voëller preferiu Jancker, que é um grandalhão cervejeiro daqueles que você vê em filme americano arrumando porrada em botequim. Não que Bierhoff seja assim essa fineza de pessoa, mas Jancker me lembra, no estilo, o supra sumo da brutamontice no futebol, que é o centroavante alemão Hrubesch, da Copa de 1982. Para Jancker e Hrubesch, mel deve ser "aquele líquido que de vez em quando vêm junto com as abelhas" no café da manhã.
Com essa medida de Voëller, já imagino o que farão os alemães: Ziege pela esquerda, Frings pela direita, e tome chuveirinho na área dos sauditas. Vejo no site da FIFA, porém, que o suíço naturalizado Neuville, do Bayer Leverkusen, também está de fora. Afinal, o que quer Voëller?
Já o técnico Nasser Al-Johar, esse eu sei o que quer: ser campeão do mundo. Calma, não ria. Lá é assim, os sheiks árabes que bancam o futebol local até hoje acham que dá para ganhar. Mesmo com a zorra total que é a seleção, com os técnicos tendo a estabilidade de uma Kombi na Tamburello. A Arábia joga com um atacante só, lá na frente. Normalmente era AL-Meshal, mas vi na escalação um tal de Al-Yami. Não sei que Al é esse. Só nunca vou entender porque além dos veteranos de Copas Al-Deayea (o goleiro, que quer superar o recorde de atuações por uma seleção, 170, do mexicano Suárez. Ele tem 162) e Al-Jaber os caras da Arábia não chamaram também Al-Pacino, Al-Jarreau, Al-Green e Al-Jonson. De repente dava pelo menos um musical.
Palpite? Se a zebra ajudar, empate até que dá. Mas ganhar da Alemanha os árabes não ganham não.

sexta-feira, maio 31, 2002

A França pode fazer um biquinho ainda maior nesta Copa
A segunda rodada hoje promete. Pelo grupo E, jogam Irlanda x Camarões e Alemanha x Arábia Saudita. E pelo A, Uruguai x Dinamarca. Se eu fosse recomendar um jogo, apontaria este último, que adquiriu uma importância inesperada depois da derrota de les bleus ontem para o Senegal. Pela primeira vez na minha vida eu falo isso de um jogo, mas não resisto: qualquer resultado é ruim para a França.
Se um dos dois times vencer, ficarão dois times com 3 pontos e dois times com 0 (França um deles). Se for a Dinamarca o vencedor, fará um jogo de comadres com o Senegal, no qual um empate deixa os bleus completamente perdidos, mesmo que vençam o Uruguai (também pela segunda rodada). Aí, na terceira rodada os dinamarqueses precisariam apenas do empate contra a França para garantir a vaga - e a outra vaga poderia ser de Senegal, jogando contra um Uruguai desmotivado, já eliminado. Se os Leões vencessem, bye bye Bleus!
Caso dê Uruguai hoje, fica complicado porque a Celeste partirá motivada para cima da França. E apesar de ser considerado um time baba - e é - o Uruguai ainda tem jogadores como Carini (goleiro reserva da Juve de Turim), Montero, Lembo, Darío Silva, Richard Morales, Magallanes e principalmente Alvaro Recoba. Principalmente. Recoba tem tudo para decidir.
Já a Dinamarca não é realmente a Dinamáquina, mas dá trabalho. Seus dois atacantes não vacilam, têm habilidade e intuição suficientes para fazer muitos gols. Um deles é Jesper Gronkjaër, do Chelsea, da Inglaterra, perigosíssimo. Mas o principal mesmo é o artilheiro Ebbe Sand, campeão da Copa da Alemanha deste ano pelo Schalke 04 (esculachando o Bayer Leverkusen de Lúcio e Zé Roberto). Sand fez dois gols em cima da defesa comandada por Lúcio na decisão.
Municiados por Thomas Helveg, lateral com a experiência da Copa de 1998 (jogou contra o Brasil) e pela esperança no meio-campo, Thomas Gravesen, os dinamarqueses têm condições totais de atropelar o Uruguai e dar um inesperado trabalho aos garotos de Roger Lemerre. É ver para crer. E se alguém estranhar a ausência de Peter Schmeichel no gol, esqueça: o goleirão está jogando na Inglaterra (não me lembro aonde) e pediu aposentadoria da seleção. Mas seu substituto, Sorensen, de 26 anos, tem correspondido às expectativas - mesmo sendo goleiro do mediano Sunderland, da Inglaterra.
Ou seja: reclamamos pra cacete do Brasil, sempre chiamos em Copas, mas desde 1966 que nós não ficamos numa situação tão ruim quanto estão os atuais campeões do mundo. Hoje, nesta mesma noite, deve haver uma vela em cada janela de Paris pedindo pela volta de Zizou...

Allez, les bleus, allez
Não adiantou nem o grito dos franceses do Meridien, onde eu vi a zebra africana tomar conta do jogo inaugural da Copa do Mundo. E eu perdi em vários bolões porque superestimei o time da França - achei que Senegal ou empataria ou perderia de goleada se tomasse logo o primeiro gol. Não tomou. Graças em parte ao goleiro Tony Sylva, que se revelou um gigante.
Sem Zidane, a França realmente virou um time comum. Tem o talento de Patrick Vieira, mas no momento em que Lemerre tirou Djorkaeff - com dois palmos de língua para fora - e colocou o perna-de-pau Dugarry em campo, deu para ver que a coisa ia mal.
E foi pior ainda quando se constatou que Dugarry jogou de meio-campo. Se mal consegue algo sendo centroavante trombador, que dirá no meio-campo.
Para melhor entendedor: mais ou menos a mesma coisa que alguém colocar Jardel na meia, para armar e lançar. Não podia dar outra coisa: o francês Bruno Metsu recuou o time no intervalo, e os senegaleses, que estavam bem de fairplay no primeiro tempo, desceram a porrada no segundo - isso apesar da falta de Petit no primeiro tempo que merecia expulsão.
Diouf foi um talento à parte - além de fazer a jogada do gol, não desprezou nenhuma bola, correndo atrás e tirando leite de pedra. Incrível como Leboeuf não ganhava uma dele.
Agora, les bleus vão ter que suar para se classificar. Em um comment abaixo, eu falei que pensei na hipótese dos campeões mundiais dançarem na primeira fase. Olha, não é difícil. Dinamarca é sempre adversário perigoso e o Uruguai vai ser um time chatérrimo, com Recoba jogando tudo o que sabe.
Grande jogo, grande resultado. Les bleus agora vão entender que para ter empáfia é preciso um pouco mais que apenas um título mundial - quem sabe com quatro eles podem começar a ganhar de véspera. Como dizem em Minas, angu de um dia só não faz crescer.

Concorrência na área
Claro que alguém tinha que abrir um outro blog de Copa....Mas vale, é o do Thiago Lavinas, do Lance. Está no endereço http://tlavinas.weblogger.com.br/, é só clicar.

Humor
Tá, tudo bem: eles são rivais, são argentinos, têm o Simeone, nossas mulheres deram mole pro Goycochea em 1990 e até hoje ainda dão mole pro Batistuta.
Mas uma coisa não podemos negar: em termos de bom humor, e de sacanear as outras seleções, nada se compara aos hermanos do extremo Sul do Cone Sur. No diário Olé (www.ole.com.ar) desta sexta-feira, o assunto é o espião mandado pelo Felipão à concentração turca.
Nenhum jornalista brasileiro deu tanto sarrafo, e com tanta ironia e bom humor quanto o tal de Rodrigo Calegari, repórter especializado em esculhambar o time canarinho. Sobre o fato de os brasileiros terem mandado o Gilson Nunes fingir que era jornalista (incrível como ninguém se deu conta do ridículo da coisa, Calegari disparou: "Nunes es un hombre corpulento que de periodista no tiene un pelo". Sensacional. Quem quiser ler na íntegra a matéria, clique aqui.
Los Hermanos pegam a Nigéria na manhã de domingo. Estarei secando, claro, mas sem ressentimentos!

Palpite
Para França x Senegal? Não tenho. Se eu confiasse na zebra, 2 a 2. Se eu confiasse no taco dos franceses (segundo Zidane, estão melhor do que na Copa passda), daria 4 a 0 pros bleus.
Taí, dou os dois palpites.

É hoje!!!!!!
Enfim, chegou o dia, tão esperado há quatro anos. São 1h55 desta madrugada de sexta-feira, 31 de maio, e eu estou particularmente emocionado com o início de mais uma Copa do Mundo. Daqui a seis horas e meia, a França começa a defender seu título contra o Senegal - espero que pinte uma nova zebra africana por aí.
Estou feliz. Será um mês de muito trabalho, sem folga, noites em claro, mas acompanhando integralmente o maior evento esportivo da Terra desde 1930. O mundo parece ter consciência de seu tamanho, nesses dias de Copa do Mundo. Chineses, costarriquenhos, turcos, portugueses e espanhóis freqüentam a minha caixa postal. Todos entusiasmados, todos trocando informações, comentários, palpites, enfim, uma confraternização que nem mesmo uma virtual eliminação do Brasil pode estragar.
Depois de 1982, nada poderá doer mais, de jeito nenhum.
Penso neste momento em como divido minha vida em Copas do Mundo. A primeira, 1970, eu tinha dois anos, não lembro. A segunda, 1974, eu começava a ter consciência de estar vivo - e me lembro somente dos palitos de fósforo animados entrando em campo em um comercial da Fiat Lux. Ah, e lembro de Paul Breitner. Não de Beckenbauer ou Cruyff, mas de Breitner - sei lá porquê.
Dói um pouco lembrar da de 1978, talvez a Copa em que eu mais vivia a infância - somando uma certa indiferença com o entusiasmo pelos gols de Nelinho e Dirceuzinho. Um pouco embaçada, vem a imagem de meu pai vendo os jogos. E falando algo sobre Bettega, da Itália, quarta colocada daquele Mundial.
E eu não estava perto dele quando choramos em 1982 - somente quando cheguei em casa, e o vi pensativo. Era nossa última Copa. Em 1986, já sem ele, perdemos nos pênaltis, durante o jogo, depois do jogo, e para sempre. Eu já chegando à maioridade, pensando no que seria da vida - eu não sabia o que faria da vida, só achava que seria feliz porque vivíamos o plano Cruzado. Ilusão de verão, assim como alguns dos meus melhores namoros.
Veio a de 1990, e meu engajamento político embaçou a visão. Tínhamos votado para presidente meses antes, pela primeira vez. Lula perdeu, eu fiquei puto. É claro que a seleção do Lazaroni não ia apagar essa tristeza. Mas foi uma Copa vivida com a ansiedade de quem iria começar a faculdade de Jornalismo no segundo semestre. A vida, começando de novo, depois de mais uma Copa.
Em 1994, éramos todos sonhadores. Entre o entusiasmo da faculdade e os primeiros passos na vida real, vimos Romário fazer gols, e chegar ao aeroporto de Brasília com metade do corpo do lado de fora da cabine, e a bandeira brasileira na mão.
Só quem se indigna com esse país sabe o quanto é possível se comover com demonstrações de amor por ele - e Romário o ama. Naquela Copa de 1994, outra ruptura: comecei a virar "jornalista" alguns meses antes.
Quatro anos mais tarde, quase morri do coração na redação do Jornal do Brasil ao ver Kluivert entrar livre e chutar rente à trave brasileira na prorrogação com morte súbita. Era o ano da graça de 1998, o ano da noite, do surgimento de novas pessoas, dos bares onde todos se encontravam, dos tempos em que se ousou ser feliz com pouco ou nenhum dinheiro. Ou às vezes pendurando a conta.
Uma vida, algumas Copas. Divida sua idade por quatro agora, neste momento em que os bleus estão prestes a começar a Copa do Mundo, e faça uma reflexão - onde você estava em cada uma delas?
E me vem a vertigem terrível, a sensação do abismo, quando pergunto, "onde estarei em cada uma delas?", e "quantas mais terei?"
Graças aos deuses, temos a Copa do Mundo para dar a sensação de eternidade.